Colaboradores aceitam que empresas ajudem no planejamento financeiro; aconselhamento pode ser oportunidade para seguradoras e consultores de benefícios
Na visão dos colaboradores, as empresas estão substituindo o papel do Estado na concessão de benefícios, conforme pesquisa sobre Tendências de Benefícios para Funcionários 2011 promovida pela MetLife Internacional.
Realizada pela companhia nos Estados Unidos há cerca de nove anos, e ampliada em 2007 a outros países – Austrália, Índia, México e Reino Unido -, neste ano a pesquisa incluiu o Brasil, em função de seu destaque no mercado internacional e posicionamento entre as economias com perspectiva de crescimento.
“Expandimos a cobertura a países nos quais conseguimos capturar amostragens significativas de economia e também de mercado de trabalho”, disse o presidente da MetLife, Hélio Kinoshita, em apresentação que antecedeu a exibição do estudo feita na manhã de hoje, 7 de julho, por Shankar Chaudhuri, diretor de Pesquisa da MetLife Internacional.
A carência de talentos é apontada como um problema comum entre os países desenvolvidos e emergentes. A partir deste ponto, a questão dos benefícios torna-se cada vez mais essencial para reter e fidelizar os profissionais – os mais valorizados são seguro saúde (90%), seguros de vida (72%) e planos odontológicos (59%). “É três vezes mais caro contratar um novo funcionário a reter um antigo na empresa”, alerta Shankar. “Se as empresas considerarem o custo do benefício alto, elas devem procurar oferecer benefícios voluntários”, acrecenta Shankar, sobre a modalidade usual entre os americanos, que consiste em o próprio colaborador arcar com as despesas do plano, que é oferecido pelo empregador a um custo melhor. “A pesquisa apontou que os funcionários estão preparados para isso”, indica.
De maneira diferenciada, o universo analisado também demonstra a preocupação e a necessidade da educação e planejamento financeiros. Enquanto no Reino Unido a população tem mais resistência com relação ao auxílio das empresas, no Brasil nota-se uma abertura maior.
Entre outros pontos, ele menciona a segurança no trabalho como algo preocupante aos brasileiros. “Isso é crítico, pois a segurança no emprego implica em equilibrar o orçamento e cuidar das despesas diárias”.
Outra preocupação está relacionada a doenças e invalidez, também com nível elevado entre os emergentes. Cerca de 71% dos brasileiros estão preocupados com o impacto da morte ou doenças sobre a segurança financeira de sua família. 68% dos pesquisados têm receio de que sua estabilidade econômica seja afetada por gastos médicos, diante da diminuição dos programas sociais mantidos pelo governo. “Com a diminuição da assistência estatal, as pessoas estão se voltando para as empresas”. Por isso, são apontadas questões como a preocupação com o pagamento do tratamento de saúde na aposentadoria. “Eles estão cientes, mas a maioria não fez a conta de quanto precisará no futuro”.
Mercado potencial
O cenário demonstrado por Shankar apresenta desafios e oportunidades ao mercado segurador brasileiro, no que tange ao desenho e oferecimento dos produtos para atender aos anseios deste público. “Ao oferecermos benefícios, não só ajudamos empresas a atingir metas, mas, também, a superar relações de lealdade e a elevar a satisfação dos funcionários”, assinala.
A partir da apresentação do trabalho no Brasil, Hélio Kinoshita reforça a atuação da MetLife como provedora de soluções. “Não provemos somente produtos e estaremos, cada vez mais, junto aos corretores especializados e RHs para desenvolver programas para atender a estas necessidades”.
A comunicação dos profissionais de RHs sobre o tipo de benefício oferecido aos colaboradores, também apontado pela pesquisa como algo a ser melhorado, significa um espaço a ser aproveitado pelo setor. Neste contexto, a MetLife criou um programa com foco na educação, por meio do investimento na figura dos especialistas em Vida em Grupo e Planos Odontológicos. “Eles são técnicos comerciais, que utilizam linguajar técnico, porém de fácil entendimento, para educar as empresas quanto às peculiaridades dos planos”.
A ação também inclui treinamentos aos corretores, que são acompanhados pelos técnicos da companhia nas visitas aos RHs. “É um processo de educação que temos como meta”, destaca o presidente da companhia, que ressalta a importância da interação entre o corretor, a seguradora e o RH no programa de benefícios.
Edição 2007
Quando comparados os estudos realizados em 2007 e 2011, as tendências são as mesmas, no entanto, de forma intensificada. “A ansiedade financeira aumentou em todos os mercados. O plano de aposentadoria, antes destacado, passou a ser mais importante, pois a poupança não acompanha o ritmo da longevidade”. Para o estudo 2011 foram entrevistados, entre outubro de 2010 e março de 2011, 2930 empregados, 500 deles no Brasil, e 1450 empregadores.