Notícias | 18 de agosto de 2004 | Fonte: Valor Econômico

País terá o primeiro doutorado em atuária do Cone Sul

A Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) acaba de criar o Instituto de Gestão de Riscos Financeiros e Atuariais (IAPUC). Será o primeiro centro de doutorado “stricto sensu” (formação de mestres e pesquisadores) em atuária da América do Sul. Atuário é o profissional que calcula o risco, a matéria-prima do seguro.

A qualificação dos profissionais hoje é realizada por meio de cursos de graduação ministrados em 13 faculdades, todos reconhecidos pelo Instituto Brasileiro de Atuária (IBA), uma espécie de conselho da profissão. No entanto, as companhias de seguros têm “importado” atuários dos Estados Unidos, Europa e até de outros países latino-americanos, o que denota a carência de profissionais especializados.

“A competitividade do mercado exige que as empresas melhorem a qualificação nesta área”, explica Roberto Westenberger, sócio diretor da Tillinghast-Towers Perrin, uma consultoria internacional especializada em gestão de riscos. Fernanda e Westenberger são os dois únicos atuários brasileiros com doutorado no exterior. Ambos já estão escalados para o corpo docente do IAPUC.

O curso ainda está em fase de aprovação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação, com registro previsto para outubro, segundo o diretor do IAPUC, professor Luiz Roberto Cunha, um dos idealizadores do projeto. A primeira turma será pequena, cinco ou seis alunos, e começa em janeiro de 2005. Para formar o Instituto, a PUC reuniu uma equipe de especialistas em atuária que antes trabalhavam nos departamentos de matemática, economia, administração e engenharia elétrica, explicou Cunha.

“A PUC comprou a briga para organizar a ‘linha de montagem’ de atuários pensantes, profissionais que vão pesquisar e formar outros profissionais de alto nível”, definiu Westenberger. O IAPUC já nasce com várias idéias de pesquisas em temas de grande relevância para o mercado segurador. Um dos planos, diz Westenberger é “chamar a atenção das instituições para a necessidade de formar um banco de dados” específico e trabalhar as informações com mais precisão.

Um exemplo é a tábua de mortalidade da população, uma informação vital para a elaboração de planos de previdência e seguros de vida e saúde. Hoje as seguradoras contam com uma tábua oficial, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com dados coletados em censos estatísticos. “Só que a taxa de mortalidade geral é bem pior que a taxa da parcela da população que faz seguro”, explica Westenberger. Devido à baixa capacidade de poupança da maioria da população e à concentração de renda na minoria, aqueles que fazem seguro geralmente são pessoas que têm renda superior e melhores condições de sobrevivência.

O IAPUC ganhou apoio da seguradora de vida e previdência Icatu Hartford e a intenção dos organizadores é que outras empresas se interessem e colaborem. “A Icatu Hartford está preocupada em melhorar a qualidade técnica do setor, em particular do mercado de vida, previdência e capitalização. Por isso se interessou em apoiar esse esforço e entrou no projeto”, afirmou Andrea Levy, vice-presidente da seguradora. Segundo ele, “é essencial que, neste momento, tenhamos especialistas para atender o mercado, além de pesquisadores e docentes formados nas ferramentas atuariais e afins.”

Mais informações sobre o IAPUC podem ser obtidos no endereço eletrônico http://sphere.rdc.puc-rio.br/iapuc/

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