O desejo da Unimed de ter um hospital próprio em uma das principais cidades do Paraná, Cascavel, enfrenta dificuldades no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O órgão declarou “complexa” a compra do Hospital Policlínica, que hoje é controlado pela Hospital Care — a empresa de Elie Horn (Cyrela), Julio Bozano e o fundo de investimento Crescera — e que passaria para as mãos da cooperativa médica por R$ 85 milhões.
Quando declara uma operação “complexa”, o Cade exige uma série de novas informações por enxergar eventuais riscos à concorrência.
“A instrução realizada até o momento pela Superintendência-Geral (SG) não descartou que a operação possa acarretar consequências danosas ao ambiente concorrencial, especificamente quanto ao fechamento do mercado consumidor (formado por beneficiários de planos de saúde médico-hospitalares) aos hospitais gerais concorrentes da Policlínica”, escreveu o Cade em nota técnica que embasou a decisão do órgão.
Acendeu o sinal amarelo do Cade o fato de a Unimed Cascavel ter 83,53% (dado de 2023) do mercado na cidade paranaense.
No processo de avaliação, algumas operadoras de saúde alertaram para riscos do tipo. Questionada pelo Cade, a Amil afirmou que, com a operação, “a Unimed ganha mais mercado, em uma praça onde já existe sua dominância, trazendo uma concorrência desleal, gerando um entrave de comercialização de produtos por outras operadoras.”
“A Policlínica Cascavel é importante para a Amil do ponto de vista comercial e possui importante utilização por nossos beneficiários. Essa operação afeta a operadora comercialmente na região. Não temos a certeza de que os demais hospitais darão vazão e conseguirão absorver os atendimentos em sua totalidade se o cenário for de descredenciamento para as operadoras”, afirmou a Amil em resposta ao questionário do Cade.