Notícias | 19 de agosto de 2004 | Fonte: Diário do Comércio

Médicos e seguradoras de saúde continuam sem acordo

Depois de 20 dias de boicote ao atendimento dos planos de saúde, com consultas e procedimentos só realizados com o pagamento do cliente para posterior reembolso, médicos e empresas de seguro saúde ainda não chegaram a nenhum acordo. Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Clóvis Francisco Constantino, não houve avanço nas negociações pela ausência de uma proposta por parte das seguradoras.

Constantino se diz surpreso com a atitude das empresas. `A situação é a mesma do dia 30 de julho, data em que iniciamos o movimento`, afirma.

Ele informa que duas seguradoras enviaram cartas que sinalizam a disponibilidade em negociar. Mas, segundo o presidente do CRM, não trazem nada além do que já haviam oferecido. `Também agendamos uma reunião com a Fenaseg (Federação Nacional das Empresas de Seguro Privado e Capitalização) , mas ela foi cancelada pela entidade. Ou seja, até agora (noite de ontem) , tudo continua na mesma.`

A Fenaseg, por seu lado, informou, através de sua assessoria de imprensa, que as seguradoras de saúde já pagam valores maiores de consultas e honorário médicos: R$ 34 para consultas de segurados dos planos coletivos e até R$ 30 para os planos individuais. A nota relata ainda que, em julho do ano passado, as companhias aumentaram a remuneração dos médicos referenciados, atitude que se repetiu também em julho deste ano.

Os médicos, por sua vez, negam essa informação. De acordo com eles, há cerca de 10 anos não acontece qualquer tipo de reajuste desses valores. Mas, segundo o presidente do CRM, o movimento busca principalmente a implantação da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). A Classificação estipula remuneração mínima aos profissionais de medicina e amplia a cobertura dos usuários em mais de mil novos procedimentos.

Movimento

Enquanto isso não acontece, os profissionais continuam cobrando dos pacientes em média R$ 42 por consulta. Para rever o dinheiro, o usuário, por sua vez, deve pedir reembolso junto ao plano de saúde. E, a julgar pela ausência de reclamações no Procon, ou o usuário está conseguindo fazer o reembolso, ou simplesmente deixou de ir ao consultório médico.

Segundo a técnica da Área de Saúde do Procon São Paulo, Renata Molina, até agora não houve nenhum registro de reclamação junto ao órgão. `Porém, não sabemos se o consumidor está recebendo o reembolso sem problemas, ou se ele simplesmente não nos procurou ainda`, explica Renata. Ela salienta, também, que a maioria das operadoras `boicotadas` prevêem em contrato o sistema de reembolso.

De qualquer forma, seria realizada, na noite de ontem, uma assembléia geral dos médicos de São Paulo que aderiram ao movimento de implantação da CBHPM. A intenção seria fazer um balanço do protesto que, até o dia 7 de agosto, tinha adesão de 54% dos médicos paulistanos. (PB)

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