Notícias | 9 de setembro de 2003 | Fonte: Gazeta Mercantil

Mapfre assume risco dos fundos

O grupo Mapfre coloca este mês no mercado uma apólice de seguros que dá uma garantia atuarial para os fundos de pensão. O produto, chamado de Proteção para Reversão de Aposentadoria, assume o risco pelo pagamento da indenização em caso de morte ou invalidez do participante do fundo. “O papel dos fundos de pensão é acumulação de reservas e não absorção de riscos atuariais”, afirma o diretor-presidente da Vera Cruz Vida e Previdência, Antonio Cássio dos Santos.
O executivo explica que, passando este risco para a seguradora, os fundos de pensão não precisarão manter uma reserva de oscilação de riscos, ou seja, destinar uma parte de seus recursos para cobrir eventuais falecimentos na sua base de associados. “A compra desta apólice libera caixa para o fundo de pensão”, diz o diretor da seguradora, Bento Aparício Zanzini.
A expectativa da Mapfre é fechar 12 contratos com fundos de pensão já no primeiro ano de vendas do produto. Na Espanha, o grupo Mapfre é líder em exteriorização de reservas para fundos de pensão e movimentou só no ano passado € 2 bilhões com um produto semelhante ao que a Vera Cruz está introduzindo no Brasil.O seguro lançado pela Mapfre Vera Cruz vai favorecer os fundos de pensão que têm uma quantidade maior de assistidos, ou seja, de pessoas gozando de aposentadoria. “Estes são os que mais precisam deste produto”, afirma Santos. “Para este grupo de aposentados o fundo de pensão funciona como uma seguradora.”
Geralmente, os fundos incorrem em três tipos de risco ao darem a cobertura de morte e invalidez aos seus participantes: o risco da tábua atuarial (o peso de um evento é maior porque a quantidade de pessoas no grupo é pequena), o risco de mercado e o risco de catástrofe. “Temos uma escala maior, ou seja, um volume grande de segurados e isso nos permite juntar os riscos pequenos de diversos fundos de pensão”, diz Santos. “Este é o nosso business.” Segundo o executivo, o contato inicial que a seguradora tem feito com fundações e consultorias mostrou uma boa aceitação do produto. “Não tem mágica. É a escala que nos permite encontrar a solução do ponto de vista técnico.”
O novo produto foi elaborado em colaboração com a resseguradora Swiss Re. Um processo de desenvolvimento técnico que durou um ano. O produto assume riscos de natureza atuarial vinculados à massa de pessoas que faz parte do fundo de pensão. Além de liberar receita para que o fundo de pensão faça seus investimentos, sem precisar contingenciar recursos para o pagamento de indenizações em caso de mortes.
O valor do prêmio é equivalente ao custo praticado pelo fundo de pensão em autogestão e caso ocorra o sinistro, a seguradora paga à vista para o fundo o valor presente atuarial apurado em função da constituição da nova reserva. “Quando ocorre o evento, o seguro indeniza sem que o fundo precise utilizar suas reservas para isso”, afirma Santos. Caso haja necessidade de resseguro, a Vera Cruz contará com o IRB Brasil Re.
O momento escolhido pela Mapfre Vera Cruz para lançar o produto é especial. O mercado fechado de previdência privada – que hoje é formado por 350 entidades, cerca de 2.000 empresas patrocinadoras, 1,75 milhão de participantes ativos e 550 mil beneficiários – deverá crescer de maneira vertiginosa com a promulgação da Reforma da Previdência, que institui a previdência complementar do servidor públicos nas três esferas (federal, estadual e municipal). O seguro também pode auxiliar aos recém-criados fundos de pensão de entidades de classe e associações, os chamados fundos instituídos. “É um segmento que vai avançar muito”, prevê o secretário de Previdência Complementar, Adacir Reis.
(Finanças & Mercados/Página B2)(Solange G.Silva/InvestNews)

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