Notícias | 21 de maio de 2007 | Fonte: Correio de UberLândia

Local de pernoite do carro encarece seguro

Modelo e ano do carro, o perfil do condutor, ou seja, se é mulher ou homem, idade, se tem filhos menores ou maiores de 18 anos, valor da franquia e agora CEP de pernoite. Esses são alguns dos critérios para formação do preço de um seguro de automóvel. A maior novidade é mesmo o uso do CEP como fator de risco. Em Uberlândia, a exigência é recente e nem todas as companhias de seguro aderiram. Mas corretores de seguros garantem que é uma tendência e que a principal causa dessa taxação é a falta de segurança pública que faz aumentar os índices de roubos e furtos de veículos.

Em São Paulo, por exemplo, quem mora na região leste da cidade chega a pagar até 40% mais em um seguro do que quem mora na região Sul. No Estado, o índice de roubo/furto chega a 64%, enquanto a perda parcial é de 20% e a perda total por colisão é de 16%. Se a partir de agora todas as companhias de seguro passarem a adotar o CEP como critério, os moradores dos bairros Martins, Santa Mônica, Centro e Aparecida podem pagar mais caro pelo seguro do carro. Em contrapartida, os que moram em bairros como Cidade Jardim, Aclimação, Canaã, Aclimação, Chácaras Jardim Holanda, Chácaras Panorama, Chácaras Tubalina, Distrito Industrial, Jardim América, por exemplo, vão pagar mais barato.

É que de acordo com estatísticas da Polícia Militar, de janeiro a abril deste ano, as maiores ocorrências de furto e roubo de veículos ocorreram nestas quatro localidades. No Centro foram 91 ocorrências de furtos/roubos, no Martins, 54, no Santa Mônica, 49, e, no Aparecida, 43 casos. Na cidade são roubados e furtados cerca de 25 carros por fim de semana.

Só para se ter uma idéia, um homem casado e com dois filhos menores de 18 anos, com 40 anos de idade e 15 de habilitação, que utiliza o veículo 85% do tempo e tem garagem somente em casa, se for morador do bairro Martins vai pagar 7,19% a mais do que se morar no Cidade Jardim. A cotação do seguro é para um carro Gol City 1.0 MI (geração 4), total flex, 4 portas, ano 2007/2007, com assistência 24 horas, vidros completos, faróis e lanternas e ainda colisão, incêndio e roubo, danos materiais e pessoais. Mas a situação muda de acordo com o CEP da rua. Pode ser que, no mesmo bairro, os valores alterem, caso a companhia seguradora não tenha muitos sinistros naquele CEP.

O gestor de compras José Eustáquio Paulino mora no bairro Martins e faz seguro automóvel há pelo menos 10 anos. Segundo ele, nos últimos três anos, não foi possível analisar se houve reajuste ou não porque mudou de carro antes do vencimento e pagou apenas o complemento do seguro. Outra dificuldade é por causa dos descontos que consegue anualmente. Mas, quando for fazer a renovação, pretende ficar atento às mudanças. Ele diz que vai verificar se o fato de morar no bairro que nos quatro primeiros meses de 2007 apresentou o maior índice de furtos e roubos de veículos realmente pode interferir no preço do seguro.

Pesquisas reduzem custos

O principal conselho antes de fechar um seguro é pesquisar preços, que podem mudar de uma seguradora para outra por causa das condições de negócios, como comissão do corretor, que varia de 18% a 25%. Outros fatores que podem interferir no valor são pacotes de assistência 24 horas, carro reserva, reposição de vidros e outros.

O corretor de seguros Cadimiel Emilius Nunes de Oliveira diz que, por causa da violência, a tendência é que os seguros fiquem mais caros. Segundo ele, 10% a 15% das seguradoras já trabalham com o CEP de pernoite como critério de formação de preço. No Brasil existem cerca de 30 seguradoras em atividade.

O corretor de seguros Sebastião Teixeira esclarece também que muitas companhias avaliam o índice de sinistralidade (roubo/furto/acidentes) de sua carteira antes de definir preços. O diretor de Automóvel, Condomínio e Residência de uma companhia de seguros, Marcelo Goldman, ressaltou que a disparidade de preços entre as seguradoras não vai mudar, por isso, o consumidor deve pesquisar. A afirmação foi feita durante o II Fórum Nacional de Seguros para Jornalistas, no início deste mês, em São Paulo.

Menos da metade da frota brasileira é segurada

De acordo com estimativas, a frota de veículos circulante no Brasil, excluindo motocicletas, é de pouco mais de 24 milhões, um crescimento de 4% em relação a 2005, quando havia 23.284 unidades. A proporção é de um veículo para cada oito pessoas. Apesar da falta de segurança generalizada em todo o País, apenas 1/3 da frota brasileira é segurada, o que corresponde a pouco mais de 9 milhões.

Até por causa dos números, o mercado de seguros no Brasil é bastante promissor, com tendência a crescimento nos próximos anos. De acordo com a Federação Nacional de Seguros (Fenaseg), a penetração pode chegar a 44%, porque a frota segurável ultrapassa 20,8 milhões de unidades, incluindo carros, caminhões e motocicletas.

A maior oportunidade de crescimento está na frota de 6 a 15 anos, cuja quantidade circulante é de 11.134 unidades e segurada é de apenas 3.107, o que corresponde a uma penetração de 28%. A maioria dos seguros é de carros com até cinco anos, atingindo uma abrangência de 70%. (Veja quadro).

Frota segurada por idade — somente carros

Idade Frota Segurada Frota Circulante Penetração

Até 5 anos 4.906 6.986 70%

De 6 a 15 anos 3.107 11.134 28%

Acima de 15 anos 164 3.712 4%

Fonte: Sindipeças/Fenaseg/AGF Seguros

Variáveis que interferem no preço do seguro:

Há 20 anos: região de circulação, modelo do veículo, bônus do segurado e valor escolhido para as coberturas de RCFV e APP

Há 15 anos: idade do carro e valor da franquia

Há 10 anos: dados do motorista do veículo (perfil), tipo de seguro (novo ou renovado) e forma de indenização (valor de mercado ou valor determinado)

Mais recentemente: CEP de pernoite do veículo e opções para pacotes de assistência 24 horas e reposição de vidros

Diferença preço de seguro por CEP:

Seguradora A – Martins — CEP 38400-446 — custo R$ 2.168,72

Seguradora A – Cidade Jardim — CEP 38412-128 — custo R$ 2.023,34

Seguradora B — Martins — CEP 38400-446 — custo R$ 1.937,16

Seguradora B — Cidade Jardim — CEP 38412-128 — custro R$ 2.050,53

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