Notícias | 13 de fevereiro de 2004 | Fonte: Jornal do Brasil

Juros sobem para o consumidor

Pesquisa mostra que decisão do BC de manter a taxa básica elevou o custo médio do dinheiro de 7,75% para 7,92% ao mês

Claudio de Souza

As taxas de juros cobradas do consumidor em diversas modalidades de crédito interromperam a tendência de queda iniciada em julho e aumentaram para 7,92% ao mês, em média, ante 7,75% em dezembro. Os dados são da pesquisa mensal da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Com este aumento, as taxas de juros médias cobradas do consumidor passaram em janeiro para 149,59% ao ano, 806,61% acima da taxa básica de juros do Banco Central (Selic), atualmente em 16,5% ao ano. O coordenador da pesquisa e presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, afirma que a elevação das taxas foi uma resposta dos bancos à decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC de manter a Selic em 16,5% ao ano. Mas, para ele, não há justificativa técnica.

– Tecnicamente não há razão para a elevação das taxas de juros, porque não houve alteração no custo do dinheiro – diz Oliveira.

Justificativas plausíveis, segundo Oliveira, seriam um aumento da taxa básica de juros da economia ou uma elevação dos índices de inadimplência, que não ocorreram. Ele lembrou ainda que os juros futuros, que orientam as taxas ao consumidor, sofreram ajuste com a manutenção da Selic, mas voltaram à curva normal em dois dias.

A pesquisa mostrou que, com exceção do cheque especial, cujas taxas caíram 8,64% para 8,51%, todas as modalidades de crédito tiveram alta de juros em janeiro. Oliveira explica que, por pressão do governo, os bancos estatais vêm reduzindo as taxas cobradas no cheque especial, forçando uma queda nos concorrentes. Entretanto, o spread (diferença entre as taxas cobradas e a Selic) nesta modalidade ainda se mantém entre os mais altos, em 908,85%, só perdendo para o dos cartões de crédito e o dos empréstimos em financeiras.

O maior aumento das taxas de juros foi o do Crédito Direto ao Consumidor, que passou de 3,39% para 3,59% ao mês, uma elevação de 5,9%. As taxas mais altas, no entanto, continuaram sendo as dos empréstimos pessoais em financeiras, que passaram de 12,14% para 12,81% ao mês, com um spread de 1.868,42%.

No segundo lugar, estão os juros cobrados pelos cartões de crédito, que aumentaram de 10,35% ao mês para 10,36%, com spread de 1.272,06%.

Os juros médios praticados nos crediários do comércio no país subiram de 6,14% para 6,16%. No Estado do Rio, a pesquisa indica que esta modalidade registrou uma taxa mensal de 6,28% em janeiro, portanto, maior que a média brasileira.

No mesmo período, a média das taxas de juros dos empréstimos pessoais em bancos passou de 5,86% para 6,09% ao mês, um aumento de 3,92%.

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