Começo de ano é um bom momento para avaliar a rentabilidade das aplicações feitas e até de diversificar os investimentos. Em 2005, as ações foram as aplicações que apresentaram maior rentabilidade. Apesar de parecer um negócio tentador, esse tipo de aplicação implica alto grau de risco.
Na hora de optar entre um investimento conservador ou arrojado, é importante ter em mente a regra básica de qualquer investimento: quanto maior o risco, maior pode ser o retorno.
Como as ações implicam um prévio conhecimento do mercado financeiro, os especialistas recomendam cautela e atenção, principalmente ao jovem investidor. Por outro lado, os fundos continuam como uma opção para assegurar reserva de capital, mesmo com a perspectiva de queda da taxa de juros.
Carlos Fagundes, professor do Ibmec Educacional São Paulo , recomenda a diversificação dos investimentos em fundos de renda pós-fixada como o Depósito Interfinanceiro (DI) e em fundos de ações. “O jovem poderia investir 80% em fundos DI, que apresentam baixo risco e resgate imediato. Os 20% restantes podem ser aplicados em fundos de ações administrados por instituições financeiras sólidas, que ajudam o jovem a dar os primeiros passos no mercado financeiro”, afirma Fagundes.
Essa familiarização com o mercado financeiro ajudará em futuros investimentos em ações.
Segundo o professor, o investidor jovem ainda tem pouca capacidade de poupança, pois está começando no mercado de trabalho. “Se ele puder dispor de mais capital e maior tempo, ele pode começar a investir no mercado de ações, já que as perspectivas do mercado são boas. No entanto, o iniciante precisa de atenção para saber escolher.”
O consultor financeiro Sílvio Paixão tem dois conselhos ao jovem investidor: a diversificação e o respeito ao prazo de rentabilidade. “Nunca se deve concentrar mais que 50% da renda mensal em um único investimento. E deve-se respeitar, pelo menos, o período de um ano para conferir a rentabilidade de cada investimento”, afirma Paixão.
O consultor recomenda os fundos de ações, que apresentam risco intermediário e possuem um administrador que conhece a rentabilidade de cada empresa e pode indicar qual o melhor momento de compra e venda. “O jovem poderia investir 50% da sua renda mensal em fundo de ações, 25% em fundos de investimento DI e 25% em renda fixa com juros pré-fixados”, diz Paixão.
Como o jovem está aprendendo sobre o mercado financeiro, o consultor não aconselha o investimento em ações.
“É necessário que o jovem comece a acompanhar o mercado de ações para aprender seu funcionamento. Posteriormente, com mais experiência, ele poderá investir em aplicações de perfil agressivo”, afirma o consultor.
Segundo ele, a menos que o jovem queira fazer um pé de meia, não é vantajoso aplicar em planos de previdência privada. “Se o jovem ganhar até R$ 12 mil por ano, ele não deve aplicar no Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL), já que o plano é indicado apenas para quem declara o imposto de renda no formulário completo. Nesse caso, seria mais adequado aplicar no Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL). Contudo, as taxas de administração do VGBL são maiores do que as dos fundos de ações e consomem boa parte da rentabilidade”, comenta.
De acordo com Keyler Carvalho Rocha, professor da Faculdade de Administração e Economia da Universidade de São Paulo (USP) e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de São Paulo (Ibef-SP), os investimentos dependem do objetivo do investidor. “Seria interessante aplicar uma parte em renda fixa e uma parte em ações, já que o jovem, teoricamente, poderia assumir mais riscos pois tem todo o horizonte de trabalho pela frente”, afirma Rocha. O professor lembra que a bolsa de valores tem apresentado um bom desempenho por quatro anos consecutivos e a expectativa é que esse cenário se mantenha. Se optar por investir em ações, o jovem deve estar atento às oportunidades de negócio.
Rocha exemplifica com a carteira de ações dos fundos Papéis Índice Brasil Bovespa (PIBB), que foi lançado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no ano passado. Cada ação foi comprada por R$ 40,69 e, por enquanto, já teve uma valorização de 35%.
Quem adquiriu os papéis no lançamento, tem o direito de recompra pelo BNDES caso a cotação fique abaixo dos R$ 40,69 investidos previamente.
Geraldo José Guimarães Isoldi é um jovem investidor que aplica seu dinheiro em ações. Ele ajudou a fundar e foi ex-presidente do projeto Ação Jovem do Mercado de Capitais , uma associação que divulga o mercado de capitais para o jovem brasileiro através de cursos, palestras e workshops. Mesmo com o bom desempenho das ações nos últimos anos, ele acredita que a maior parte dos investimentos devam ser destinados às aplicações de perfil conservador.