Notícias | 18 de fevereiro de 2004 | Fonte: Valor Econômico

Itaú e Mapfre elevaram os lucros no ano passado

Corte de despesas e ganho de produtividade continuarão na agenda das grandes seguradoras em 2004, em função da piora nos indicadores do mercado segurador registrado em 2003. Duas companhias divulgaram ontem os balanços do ano passado, a Itaú e a Mapfre, com lucros maiores em comparação a 2002. Porém, a exemplo das demais que já divulgaram balanços, ambas registraram prejuízos operacionais.

Os ajustes para recuperação do lucro operacional já estão em andamento e devem ser aprofundados este ano, dizem os administradores. A Itaú e a Mapfre iniciaram a reestruturação de seus negócios, com ênfase na diminuição das despesas. O déficit que aparece no balanço de 2003 foi mais do que compensado pelo lucro obtido com a aplicação das reservas técnicas (dinheiro pago pelos segurados) no mercado financeiro a altas taxas de juros. Mas os ganhos financeiros estão ameaçados, diante da expectativa de redução ainda maior das taxas de juros (iniciada no ano passado pelo Banco Central).

O grupo Itaú fechou o ano com R$ 4,7 bilhões em receitas de seguros, previdência e capitalização, 54% mais que em 2002. Mais da metade desse valor (R$ 2,4 bilhões) veio da área de previdência complementar, especialmente do plano Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL). As vendas de VGBL totalizaram R$ 1,7 bilhão, com crescimento de 213,8% em comparação ao ano anterior.

O resultado operacional saiu do lucro de R$ 47,5 milhões em 2002 para um prejuízo de R$ 53,8 milhões em 2003. As receitas financeiras, somadas às rendas com participações acionárias do grupo em empresas de atividades diversas (gráfica, cartões de crédito, investimentos e gestão de ativos), reverteram o prejuízo em um lucro líquido de R$ 626,8 milhões, o dobro do resultado do ano anterior e o maior lucro divulgado até agora entre as seguradoras.

O desempenho da Mapfre seguiu rumo semelhante. Filial do maior grupo segurador da Espanha, a Mapfre registrou R$ 1,18 bilhão em receitas de seguros e previdência, 22% mais que em 2002. O resultado dos negócios em seguros, no entanto, ficou negativo em quase R$ 65 milhões (em 2002 o prejuízo foi de R$ 69 milhões). As receitas financeiras, patrimoniais e não operacionais reverteram a conta para R$ 35,5 milhões em lucro antes dos impostos e R$ 23,1 milhões em lucro líquido – um crescimento de 125,2% em comparação com o ano anterior.

Em 2003, o mercado segurador foi negativamente afetado pelo desempenho do ramo de automóveis, que responde por cerca de 25% do faturamento do setor. As receitas com a venda de apólices aumentaram, mas as despesas com indenizações por roubos, furtos e colisões e com atendimento aos clientes dos serviços de reboques e oficinas dispararam, afetando o resultado de todas as grandes seguradoras.

No caso da Itaú, em que a carteira de veículos responde por 34% do faturamento, as receitas cresceram 20,5%, enquanto o índice médio de sinistralidade (simplificadamente, indenizações pagas sobre prêmios recebidos) aumentou 6% em comparação a 2002, para 69,2%.

Na Mapfre, onde os seguros de automóveis respondem por 50% do faturamento, o índice de sinistralidade da carteira foi ainda maior que a da Itaú, atingindo 71% – mas houve uma melhora em comparação a 2002, quando esse mesmo índice atingiu 72%. Antonio Cassio dos Santos, que acaba de assumir o comando das empresas do grupo no país, comemorava uma melhora de todos os indicadores em 2003. Resultado, segundo ele, de uma reestruturação iniciada em outubro de 2002, com a fusão de estruturas de “back-office” e a transformação de operações em unidades de negócios. “Migrar resultados financeiros para operacionais” é o grande desafio para 2004, disse Santos.

“Já fizemos o orçamento de 2004 com radicais cortes de despesas”, disse Campos Salles, da Itaú Seguros. Uma medida desse esforço, segundo Salles, é que, enquanto a produção em prêmios e contribuições de previdência e capitalização avançou mais de 54%, o quadro de funcionários está congelado há dois anos em 1700 pessoas. Além disso, foram cortadas despesas administrativas (com papel, telefonia, computação), reformulados e enxugados os “call center” de atendimento a clientes e corretores e também os programas de benefícios aos empregados. A expectativa é reduzir as despesas totais em pelo menos “dois pontos percentuais sobre os prêmios” em 2004.
Autor: Janes Rocha

FAÇA UM COMENTÁRIO

Esta é uma área exclusiva para membros da comunidade

Faça login para interagir ou crie agora sua conta e faça parte.

FAÇA PARTE AGORA FAZER LOGIN