No dinâmico cenário entre o mercado financeiro e as organizações filantrópicas, uma notável inovação está ganhando destaque: a modalidade Filantropia Premiável. Esta prática revolucionária combina elementos da capitalização com propósitos sociais, transformando a forma como indivíduos e empresas contribuem para causas humanitárias ao mesmo tempo em que participam de sorteios atrativos. Vamos explorar profundamente como essa modalidade está impulsionando o terceiro setor e beneficiando comunidades em todo o Brasil.
A filantropia premiável é uma estratégia inovadora que permite aos participantes apoiar causas sociais enquanto concorrem a prêmios em sorteios. Funciona da seguinte maneira: indivíduos ou empresas cedem o valor do resgate do título para instituições filantrópicas, como a APAE Brasil. Essa prática eficaz mobiliza recursos financeiros significativos para o terceiro setor, beneficiando diretamente programas sociais essenciais.
O impacto vai além do financiamento tradicional, pois envolve a comunidade de uma forma interativa e engajadora. Ao participar, os indivíduos e empresas não apenas contribuem para uma causa digna, mas também têm a chance de serem recompensados, criando um ciclo virtuoso de solidariedade e incentivo.
Crescimento e Evolução da Filantropia Premiável
A Filantropia Premiável teve um crescimento significativo em 2023, com um recorde de R$ 1,6 bilhão em doações para instituições do terceiro setor, impulsionando projetos sociais como tratamento e inclusão de pessoas com deficiência. A modalidade pretende expandir seu alcance, incluindo novas áreas como segurança alimentar, preservação ambiental e combate à pobreza, prevendo arrecadar até R$ 11,9 bilhões por ano e destinar R$ 5,4 bilhões em doações anuais até 2026, de acordo com estudo “Estimativa de Potencial de Mercado para a Capitalização, realizado pela FenaCap.
Enquanto isso, o setor de Capitalização também está em alta, com arrecadação de R$ 2,4 bilhões somente em janeiro de 2024, um crescimento de 3% em relação ao ano anterior. A Região Sudeste lidera a arrecadação, representando 56,9% do total, seguida pelo Sul, Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Há planos de expansão internacional da Capitalização, com nove países interessados em adotar essa modalidade de investimento.
Entrevistas com líderes do setor, como o diretor-executivo da Fenacap e o presidente da APAE Brasil, destacam o impacto positivo dessa prática. Os recursos provenientes da filantropia premiável são fundamentais para a sustentabilidade das atividades desenvolvidas por organizações como a APAE, que prestam serviços essenciais de saúde, educação e assistência social para pessoas com deficiência e suas famílias.
Em fala com o diretor-executivo da FenaCap (Federação Nacional de Capitalização), Carlos Corrêa, ele destacou a importância da filantropia premiável como uma fonte significativa de recursos financeiros para organizações sem fins lucrativos, como as APAEs (Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais). Essa modalidade permite arrecadar fundos por meio da venda de títulos de capitalização, essenciais para a continuidade das atividades dessas instituições, incluindo serviços de saúde, educação e assistência social para pessoas com deficiência e suas famílias. O diretor-executivo enfatizou a necessidade de transparência e regulamentação rigorosa para garantir a ética e eficiência da filantropia premiável, ressaltando a importância das parcerias entre entidades filantrópicas e empresas de capitalização para promover o bem-estar social e contribuir para o desenvolvimento das comunidades atendidas.
Em conversa com o Presidente da APAE Brasil, Jarbas Feldner, fica clara que a importância estratégica da filantropia premiável como fonte de captação de recursos para organizações sem fins lucrativos, como a APAE. A filantropia premiável tem sido fundamental para garantir a sustentabilidade e o desenvolvimento das atividades da APAE. Feldner ressalta que os recursos provenientes da filantropia premiável são direcionados para diversas áreas, como saúde, educação e assistência social, beneficiando diretamente pessoas com deficiência e suas famílias. Esses recursos permitem não só a manutenção das operações da APAE, mas também a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos.
Uma das principais vantagens mencionadas é a visibilidade que a APAE obtém por meio dessas parcerias, já que sua marca é divulgada nos sorteios e materiais promocionais relacionados aos títulos de capitalização. Essa visibilidade contribui para atrair mais doadores e parceiros, essenciais para o funcionamento contínuo da organização.
“Os desafios enfrentados pela APAE na busca por recursos, especialmente na área da assistência social, na qual recursos públicos são limitados. Portanto, a parceria com programas de filantropia premiável é crucial para complementar as fontes tradicionais de financiamento”, conta Feldner.
Já no olhar da CAPEMISA Capitalização, o diretor Marcio Coutinho, fala sobre os aspectos relacionados à filantropia premiável e sua importância para o terceiro setor. Destacou que essa modalidade permite arrecadar recursos consistentes e contínuos para apoiar instituições filantrópicas como a APAE Brasil. – “Observamos uma boa evolução com pelo menos quatro empresas operando na modalidade de filantropia premiada há pouco tempo atrás. A Capemisa tem buscado adaptar seus produtos e abordagens para acompanhar essa evolução no mercado”.
O diretor ressaltou a necessidade de parcerias estratégicas entre empresas de capitalização e entidades sem fins lucrativos para manter e ampliar suas atividades, beneficiando um número maior de pessoas com deficiência e suas famílias. Ele também enfatizou a importância da transparência na utilização dos recursos provenientes da filantropia premiável, garantindo sua aplicação eficiente e ética, e destacou a relevância da regulamentação adequada pela SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) para promover a credibilidade e confiança do público nessa modalidade – “Na minha visão, a regulamentação recente foi fundamental para estabelecer novas modalidades, garantindo principalmente a segurança da filantropia premiada”, destaca Marcio.
Em outra conversa, o especialista em Capitalização, André Lauzana, proporcionou uma visão abrangente sobre a capitalização e seu papel no setor de seguros e resseguros. Ele destacou que a capitalização não se trata de um jogo ou investimento, mas sim de uma solução de negócio com sorteio, útil para a bancarização da população. Lauzana ressaltou a importância da educação financeira e do uso de produtos financeiros, como a filantropia premiável, para beneficiar o terceiro setor. Ele também abordou várias modalidades de capitalização, ressaltando sua importância histórica para a economia brasileira e enfatizando a necessidade de compreensão dos propósitos desses instrumentos financeiros.
A importância da modalidade para as instituições como a Casa Ronald McDonald
O representante e Gerente de Desenvolvimento Institucional na Casa Ronald McDonald RJ, Carlos Neves, destaca a importância da captação de recursos por meio da Filantropia Premiável e premiações filantrópicas para organizações do tipo.
Para Neves, essa abordagem cria um cenário de ‘ganha-ganha’, incentivando a participação das pessoas em causas nobres enquanto desfrutam da possibilidade de receber prêmios. Ele enfatiza que essa modalidade de captação não apenas fornece financiamento para projetos sociais, mas também promove transparência e legalidade nesse tipo de atividade.
“Na realidade, a gente pretende não só ajudar as pessoas, mas também moldar muito o mercado. Além de dar muitos ganhos para todos os lados. A pessoa que resgata o título de capitalização, ela tem benefício fiscal. A pessoa que mantém, ela tem o benefício de estar ajudando um projeto social.”
Neves também destaca a importância de diversificar os esforços de captação de recursos por meio desses mecanismos filantrópicos, permitindo que as organizações ampliem seu alcance e impacto social. Em suas entrevistas, ele ressalta a necessidade de educar as pessoas sobre o funcionamento ético e regulamentado desses sistemas, especialmente em um contexto onde há preocupações com fraudes e desconfiança.
O potencial da Capitalização
A capitalização, como um todo, tem demonstrado um desempenho robusto no país. De acordo com dados da FenaCap, o setor registrou um crescimento substancial nos últimos anos, refletindo um maior interesse e participação do público. O presidente da FenaCap, Denis Morais, ressalta o potencial de mercado relevante da capitalização para a economia, com esforços contínuos para expandir os benefícios desse setor a mais pessoas e empresas no Brasil.
“O ano de 2024 começou muito promissor para o setor. Capitalização tem um potencial de mercado relevante para a economia, e todos estão trabalhando para expandir a Capitalização e levar seus benefícios a mais pessoas e empresas no Brasil”.
Denis Morais menciona ainda os esforços para divulgar a capitalização internacionalmente, com nove países interessados em adotar essa prática, incluindo Chile, Colômbia, Estados Unidos, Guatemala, Panamá, Peru, Uruguai e Venezuela.
A transparência e a regulamentação rigorosa são componentes essenciais para garantir que a filantropia premiável seja conduzida de maneira ética e eficiente. Parcerias entre entidades filantrópicas e empresas de capitalização são fundamentais para promover o bem-estar social e contribuir para o desenvolvimento das comunidades atendidas. O diretor-executivo da Fenacap destaca a importância dessas parcerias na promoção do engajamento cívico e no fortalecimento das organizações do terceiro setor.
O Futuro da Filantropia Premiável: Desafios e Oportunidades
Apesar dos avanços significativos, um desafio crucial enfrentado por essa modalidade é a necessidade de conscientizar mais empresas e indivíduos sobre seus benefícios e impacto positivo. A educação e o engajamento são fundamentais para ampliar o alcance da filantropia premiável e garantir sua continuidade e crescimento no futuro.
A filantropia premiável está se tornando uma ponte importante entre o setor financeiro e o terceiro setor, impulsionando iniciativas sociais e contribuindo para o desenvolvimento comunitário em larga escala. Com o aumento da conscientização e o compromisso crescente com a responsabilidade social, espera-se que essa modalidade continue a prosperar e a beneficiar organizações sem fins lucrativos em todo o país e além.