Altamiro Silva Júnior, de São Paulo
Grandes investidores começam a olhar para o fragmentado mercado nacional de corretoras de seguro. A butique de assessoria financeira Estater está criando uma das maiores empresas nacionais, a Securitas TRR, que nasce com prêmios anuais de R$ 250 milhões.
Na semana passada, a Securitas e a TRR Consultoria e Corretora de Seguros anunciaram a fusão de suas operações. O objetivo é competir com os grandes grupos que estão surgindo na corretagem de seguros no país, como a Lazam-MDS, a maior corretora nacional com prêmios anuais de mais de R$ 500 milhões.
A Estater, conhecida por assessorar grandes aquisições, como a recente compra da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, enxergou oportunidades no mercado de seguros há dois anos. Após pesquisar muito o segmento, a Estater GI, braço de investimentos da butique, comprou o controle da Securitas em agosto de 2008. “Vimos oportunidade de consolidar esse mercado, com o setor de seguros crescendo bem mais que a economia e em transformação por causa da abertura do resseguro”, diz Eduardo Esancovsky, gestor da Estater.
O objetivo da gestora é consolidar o mercado. Há 25,5 mil corretores pessoa jurídica ativos no país, segundo a federação dos corretores, a Fenacor. Outros 38 atuam como pessoa física.
O primeiro passo da Estater foi dado na fusão com a TRR, que pertencia à executiva Elizabeth Rudge. Com quase 15 nos no mercado de seguros, ela vai comandar a corretora resultante da fusão e ainda terá 20% do capital. O restante fica com a Estater GI.
Elizabeth diz que o modelo dessa fusão é diferente de uma simples entrada de um fundo de private equity. Primeiro, a Estater só usa recursos próprios. Em segundo lugar, não há um compromisso de sair da operação após algum tempo, como ocorre com fundos tradicionais.
A TRR é focada no setor de serviços (benefícios corporativos). “São operações muito complementares”, diz a executiva. Não há dados consolidados do setor, como rankings ou faturamento. Elizabeth diz que a Securitas TRR “pode estar entre as três maiores corretoras nacionais”.
Até recentemente, eram as grandes corretoras internacionais, principalmente as americanas AON e Marsh, que vinham consolidando o mercado local. “Agora nascem grupos nacionais capazes de assumir esse papel”, diz Elizabeth, citando sua empresa e outras, como a Lazam-MDS, que pertence ao grupo Suzano. Este ano, a Lazam comprou a ADDmakler, sua sexta aquisição.
A Aon já fez 12 compras no país e acaba de anunciar mais uma. Na semana passada fechou a aquisição de 50% de uma joint venture que criou na Bahia com a corretora Max Mil. Passa a deter 100% da operação. Segundo Felipe Figueira, vice-presidente de filiais da Aon, a compra de corretoras regionais foi a estratégia do grupo americano para crescer no país. Em muitos caos, ao invés de abrir operações próprias, comprou operações locais, como em Vitória e Macaé (RJ).
Atualmente as filiais já respondem por 50% das receitas do grupo no país. A filial de Ribeirão Preto, por exemplo, é a que mais cresce em negócios. Os prêmios serão 40% maiores este ano, por causa dos contratos com o setor de açúcar e álcool. Em Macaé, por conta do petróleo, a crescimento será de 35%.
A Securitas TRR estuda entrar em algumas regiões do país, como o Nordeste e o Sul. “Montamos plataforma para crescermos organicamente e por aquisições”, diz Elizabeth.