Notícias | 14 de julho de 2009 | Fonte: Valor Econômico | The Wall Street Journal Americas

Firma de Buffett reduz exposição a risco em resseguros

A empresa de resseguros da Berkshire Hathaway, uma enorme central de lucros para a diversificada companhia do bilionário americano Warren Buffett, deixou uma das áreas mais voláteis do mercado de resseguros: a de danos a propriedade provocados por catástrofes.


Nos últimos anos, a Berkshire Hathaway Reinsurance Group avançou no lucrativo negócio, fundamentalmente vendendo seguros para outras seguradoras que queriam transferir parte da exposição a grandes perdas, como danos provocados por furacões. Poucos anos atrás a Berskshire faturou US$ 2,2 bilhões em prêmios num ano que não teve grandes tempestades.


Mas, recentemente, a Berkshire passou a enfrentar mais limitação de caixa. Sua retirada do resseguro de catástrofes sugere que a empresa tornou-se mais avessa ao risco com o recente rebaixamento de sua nota de crédito, uma série de perdas que afetou os lucros e a turbulência constante na economia.


Em maio, na assembleia geral de acionaistas da empresa em Omaha, Estado de Nebraska, Buffett disse que a empresa está “fazendo menos seguros de causas naturais como furacões porque (…) não temos o mesmo excedente de capital que tínhamos há alguns anos”. No fim do primeiro trimestre a Berkshire tinha pouco menos de US$ 20 bilhões em caixa, o patamar mais baixo em anos.


O decisivo período para a renovação de apólices de seguros contra catástrofes, em junho e começo de julho, demonstrou que a Berkshire reduziu sua participação no setor, afirmam participantes do mercado.


“É evidente que eles reduziram sua exposição a seguros contra danos à propriedade provocados por catástrofes”, disse James Kent, vice-presidente executivo da Willis Re, a unidade de resseguros da Willis Group Holdings Ltd.


Buffett e Ajit Jain, executivo responsável pela área de seguros da Berkshire, não quiseram fazer comentários.


As apólices de seguros contra catástrofes são arriscadas para as resseguradoras, que podem se ver devendo bilhões de dólares se uma catástrofe como a do furacão Katrina, que varreu a cidade de Nova Orleans acontecer. E fatos como esses são impossíveis de prever. Mas Buffett disse acreditar que a Berkshire é bem paga para assumir esse risco.


No começo desta década, Buffett e Jain alavancaram as altas notas de crédito e gordo caixa do conglomerado para tornar a empresa uma das maiores participantes desse mercado.


“Se os preços parecem apropriados (…) continuamos a ter a capacidade e o apetite de ser o maior subscritor de megacobertura de catástrofes no mundo”, escreveu Buffett na sua carta anual aos acionistas de 2006.


Nos últimos dois anos a Berkshire continuou a operar no ramo, mas o mercado de resseguros se retraiu, contribuindo para o declínio dos prêmios arrecadados pela empresa.


Em 2008, a Berkshire Hathaway Reinsurance obteve US$ 955 milhões em prêmios de seguros de catástrofes e de risco individual, contra US$ 1,6 bilhão em 2007 e US$ 2,2 bilhões em 2006. Neste último ano, o montante obtido pela Berkshire com resseguros aumentou por causa dos furacões Katrina e Rita em 2005.


Devido à mudança da Berkshire em relação a risco, a expectativa dos analistas é de que o declínio em 2009 seja ainda maior.


Um fator causador da decisão da Berkshire pode ser um plano para melhorar sua nota de crédito.


Em abril, a Moody’s Investors Services rebaixou a classificação de emissor de longo prazo da Berkshire, uma medida de sua capacidade de assumir compromissos de longo prazo, de Aaa – a maior nota – para Aa2, usando como argumentos a recessão e o forte declínio das bolsas, que golpearam o portfólio de investimentos da empresa.


Em seu relatório sobre o rebaixamento, a Moody’s também alegou a potencial volatilidade do “negócio de exposição a catástrofes” da Berkshire. A Berkshire é uma grande investidora da Moody’s Corp., dona da agência de classificação de risco.


Não está claro se a retirada dessas operações afetará o lucro da Berkshire. Buffett e Jain podem ter visto melhores oportunidades em outro lugar, diz o analista Bill Bergman, da Morningstar, firma de análise de investimentos. Se for mesmo esse o caso, isso pode compensar o declínio em prêmios de seguros de catástrofes.


Outra razão para a saída da Berkshire desse campo seria a de que os preços para esse tipo de seguro estão mais baixos que em 2006 e 2007, quando a Berkshire vendia muito mais apólices. Empresas em dificuldades estão reduzindo seguros, o que leva à menor demanda por resseguros.

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