Notícias | 17 de outubro de 2003 | Fonte: Jornal do Commercio

Faturamento cresce em ritmo mais lento, segundo a Susep

O mercado de seguros crescerá menos que o previsto anteriormente pelos técnicos da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Refeitas as contas, eles concluíram que o ano fechará com expansão nominal de 25,6%, sobre 2002, contra a previsão de 26,7% de antes. O faturamento chegará a casa de R$ 29,9 milhões, sem o seguro-saúde.
O fator que mais pesou na revisão dos cálculos da Susep foi o desempenho das vendas do seguro de vida resgatável, conhecido pela sigla VGBL, em agosto, mês em que o faturamento caiu para R$ 595,9 milhões, ante os R$ 654,7 milhões captados em julho. A queda foi de 9%. A Susep levou em consideração ainda na nova projeção o comportamento da inflação e da economia previstos para o ano: IPCA de 9,68% e PIB subindo 0,70%, estimados pelo mercado financeiro.
Para João Elisio, lamentável foram os seis primeiros meses do ano. “Nunca vi um primeiro semestre tão ruim quanto o deste ano, nem na época do primeiro Plano Collor. As vendas de alguns setores chegaram a cair 18%. Até o comércio foi atingido: sofreu, embora seja um setor mais resistente às crises”, comentou, reiterando a crença em um desempenho melhor no último trimestre do ano.
Números da Susep e da própria Fenaseg explicam a preocupação de João Elisio. As últimas estatísticas do órgão fiscalizador do mercado, relativas ao acumulado até agosto, mostram que a evolução da atividade de seguros (sem o ramo saúde) deve-se, basicamente, às vendas do VGBL, plano cuja característica principal está mais próxima de um fundo de investimento. Excluído esse produto das contas, o crescimento do setor cai de 26,8% para apenas 11,1%, em termos nominais.
Já os dados da Fenaseg, inclusos VGBL e saúde, retratam o desempenho do mercado com mais realismo, já que consideram os efeitos da inflação no período. Pelo levantamento da entidade, o faturamento das seguradoras não conseguiu acompanhar a subida dos preços medidos pelo IGP-M. A receita captada até agosto, da ordem de R$ 23,6 bilhões, amargou perda real de 4,9%, frente aos oito primeiros meses de 2002.
A influência do mesmo VGBL no comportamento do mercado previsto para este ano, segundo a Susep, será superior 41%. Expurgada das contas, a expectativa de crescimento nominal diminui de 25,6% para 10,5%, sem o seguro-saúde.
Ao participar de evento promovido pelo Sindicato das Seguradoras de São Paulo, ontem, João Elisio disse a continuidade de queda nas taxas de juros deve produzir uma série de reformulações operacionais nas seguradoras, que têm a sua rentabilidade atual vinculada basicamente ao rendimento dos títulos públicos.
Segundo ele, 63,9% das aplicações das seguradoras são em títulos públicos. Como o resultado operacional é sustentado pelo financeiro, João Elisio assinalou que as seguradoras devem adotar medidas para rever a estrutura de preços ou ganhar escala.

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