Notícias | 27 de outubro de 2009 | Fonte: Valor Econômico | Finanças | SP

Família Larragoiti tem preferência de compra

Altamiro Silva Júnior e Vanessa Adachi, de São Paulo

A SulAmérica atravessa verdadeiro inferno astral. Primeiro perdeu a parceria com o Banco do Brasil no segmento de seguro de automóveis. Ontem, foi a vez de o ING, sócio da companhia, anunciar que vai se desfazer de seus negócios na área de seguros no mundo.

A família Larragoiti, que fundou e controla a SulAmérica há mais de 110 anos, tem a preferência de compra da fatia do ING e poderia exercer esse direito se conseguir levantar recursos. Pelo valor de mercado da SulAmérica, a fatia de 21,2% do grupo holandês vale R$ 830 milhões. Ao todo, o ING investiu US$ 500 milhões na operação. Os papéis da seguradora subiram 3,99% ontem.

Uma possibilidade é que a família exerça seu direito de preferência e negocie a venda da fatia para um novo parceiro. A opção mais óbvia é o Bradesco, que perdeu uma associação com a Porto Seguro para o Itaú. A SulAmérica tem carteira grande em automóveis e poderia colocar o Bradesco perto da Porto.

Segundo uma fonte ligada à SulAmérica, a empresa precisa repor o canal de distribuição bancária, perdido com o fim da parceria com o BB. Até porque está perdendo valor no mercado. HSBC e Santander seriam outras opções de sócios, dizem analistas.

A SulAmérica já teve no passado uma parceria com o Bradesco que terminou mal, fator que pode ser um complicador para as negociações. O banco vendia seguros da SulAmérica na sua rede de agências, em parceria com a Atlântica Boa Vista. No começo dos anos 80, o Bradesco assumiu o controle da Atlântica e propôs criar uma única seguradora em conjunto com a SulAmérica. A família Larragoiti não aceitou e perdeu a rede do Bradesco.

Outra opção é uma oferta pública das ações do ING. “É uma discussão que pertence ao âmbito do ING”, diz, apenas, Arthur Farme D’amoed Neto, diretor de relações com investidores da seguradora.

No caso do ING, segundo um executivo que conhece bem o relacionamento entre os sócios, até ontem o banco vinha sinalizando aqui no Brasil a intenção de se manter no capital da seguradora, a despeito de inúmeros rumores em contrário alimentados pela venda das operações no Chile e no México. A avaliação era que o mercado brasileiro de seguros vai crescer muito e que, se saísse agora, teria dificuldades de voltar futuramente. Mas a necessidade de pagar o Tesouro holandês pesou mais que a avaliação estratégica. Depois de passar por grande estresse anos atrás, a convivência entre os sócios estava, agora, apaziguada.

Desde a oferta de ações da SulAmérica, em 2007, quando os recursos captados foram usados para pagar dívidas e melhorar a qualidade do balanço da seguradora, o sócio holandês não tinha mais motivos para se queixar da empresa, que voltou a dar lucro. Mas havia ainda discordância entre ING e SulAmérica quanto ao foco estratégico. O ING vinha investindo cada vez mais, no mundo, nos segmentos de vida e previdência, com maior potencial de crescimento e com múltiplos de avaliação mais altos. E a SulAmérica cada vez mais vem se caracterizando como uma seguradora de ramos de saúde e veículos.

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