Notícias | 14 de abril de 2016 | Fonte: Risco Seguro - Por Oscar Röcker Netto

Fairfax vê futuro em especialização e seguros sob medida

Fairfax_Media_logoPara CEO Bruno Camargo, empresas terão que agregar valor a apólices corporativas através de subscrição, gestão de sinistros e serviços.
O CEO da Fairfax no Brasil, Bruno Camargo, vê duas tendências para o mercado de grandes riscos.Uma é a consolidação de grandes seguradoras, que conseguem atuar em linhas múltiplas e, devido a sua estrutura, obter resultados.

A outra tendência envolve seguradoras menores, que se encaminham para trabalhar com nichos específicos e especializados.“Esse caminho para o mercado de nicho vai ser bastante saudável”, analisa o executivo, que já foi superintendente da Itaú Seguros.Ele entende que desta forma haverá maior agregação de valor aos produtos e serviços de seguros na área de P&C (Property and Casualty).A Fairfax é uma seguradora especializada em seguros corporativos e que busca se posicionar no mercado brasileiro como provedora de produtos e serviços elaborados sob medida para cada cliente.
Por quilo

“Vejo nessa movimentação o seguro deixando de ser uma commodity e passando para um mercado que dá real valor agregado a serviço, subscrição, [gestão de] sinistros”, disse Camargo.“Não mais aquela história de ‘todo mundo faz tudo’, que dá uma sensação de mercado commodities para o segurado. Três quilos de D&O aqui, 4 quilos de garantia ali. E a gente acaba transferindo isso para o mercado de resseguro, querendo comprar 5 quilos de capacidade num lado, 4 quilos do outro…”A consolidação entre as grandes empresas, por sua vez, vem ocorrendo porque atualmente está difícil crescer organicamente.

Então, o negócio é partir para fusões e aquisições, afirmou Camargo.Para o CEO da Fairfax, o crescimento orgânico está “extremamente arriscado” em decorrência do nível das tarifas aplicadas em um mercado persistentemente “soft” e também pela forte competição entre as seguradoras.“As grandes companhias conseguem ser multilines e gerar resultado por causa da sua base de custos. Mas é um fator desafiador”, analisa.
Compradores

Para Camargo, além do movimento pelo lado das seguradoras, há um processo de aprimoramento dos compradores de seguros de grandes riscos, com participação mais ativa de executivos de maior escalão na formulação dos programas em suas companhias.“A interlocução com compradores está mais sofisticada, eles estão mais especializados”, afirma ele, que foi um dos palestrantes do recente 5º Encontro de Resseguros do Rio de Janeiro. “As discussões sobre compra de seguros não estão mais só no departamento de seguros de uma indústria.

O CFO [Chief Financial Officer] está muito envolvido — e às vezes até o CEO.”Camargo considera “esse um caminho de especialização sem volta”.Apesar disso, afirmou, a maioria das empresas ainda entende seguro como um custo na sua estrutura de gastos — principalmente em períodos como o da crise atual — e não como um investimento.
Crise

Com uma montanha-russa de acontecimentos, a crise vem atrapalhando bastante o setor, principalmente nos prognósticos de cenários a serem feitos, disse Camargo. Dificuldade que para ele reforçou um ponto importante: a necessidade de parcerias de longo prazo. As empresas, no entanto, ainda estão “experimentando a relação de mercado aberto” (que existe no Brasil desde 2008).

“O cenário macroeconômico afeta muito nosso negócio”, disse o executivo. “O impacto da inflação é perverso em termos de custos e também tem impacto nas reservas. Por outro lado, temos uma taxa de juros extremamente alta, que também atrapalha a situação: juro alto com necessidade de capital baixo…”Ao lado da crise, Camargo considera que há outros desafios, como o processo de aprovação de novos produtos no país.

“Quem trabalha com P&C sabe o quanto é difícil, custoso e demorado aprovar novos produtos”, disse ele. “Todas as discussões de mercado hoje são de que seria muito bem-vinda uma flexibilização de todo esse processo.”O CEO avalia que a crise atual está prejudicando alguns investimentos externos em seguros, mas acredita que ela também traz algumas boas oportunidades para as seguradoras.Ele destaca, por exemplo, o número de profissionais com ótima formação e expertise de outras áreas disponíveis no mercado. Para Camargo, trata-se de uma boa chance de atrair gente que pode colaborar com o desenvolvimento do setor.
Perfil

Autorizada a atuar no mercado brasileiro em 2010, a Fairfax Seguros faz parte do grupo canadense Fairfax Financial Holdings Limited.De acordo com levantamento feito por Risco Seguro Brasil, em 2015 ela foi a 16ª seguradora com mais prêmios de seguros corporativos do país, tendo arrecadado R$ 284 milhões.No top 20, ficou à frente de nomes com a Chubb (que posteriormente foi comprada pela ACE, uma das líderes em grandes riscos).Para o diretor jurídico da Associação Brasileira de Gerenciamento de Riscos, Antonio Penteado Mendonça, a companhia vem tendo um “crescimento exponencial”.“A filosofia deles é a seguinte: ‘Estamos aqui para pagar indenização e ser parceiro para achar soluções para o segurado’”, afirmou. “Era uma companhia completamente desconhecida no Brasil que está crescendo muito — e sozinha. Não comprou ninguém.”

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