Um caso misterioso, que já dura quatro anos e envolve valores milionários. Desde 2021, a ex-mulher de um empresário encontrado morto com um tiro na cabeça tenta receber o seguro de vida de 86 milhões de reais.
As seguradoras se recusam a pagar porque suspeitam de fraude. As circunstâncias da morte até hoje não foram esclarecidas.
Dono de diversas empresas e operador financeiro, a morte de José Matheus Silva Gomes se tornou um mistério. O Jornal da Band mostrou as últimas imagens do empresário com vida, saindo da garagem de casa em Jandira, na Grande São Paulo. Ele foi encontrado deitado no banco de trás de um carro blindado com um tiro na cabeça.
O Jornal da Band teve acesso com exclusividade ao inquérito, que mostra que outro disparo acertou o vidro do carro de dentro para fora. A arma estava no chão do veículo, sem digitais. O celular e a carteira de José Matheus também não foram levados.
Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu. A princípio, todos achavam que ele tinha cometido suicídio. A investigação, porém, confirmou o assassinato. Um perito forense analisou os laudos e diz que não há dúvidas.
“Todo suicídio, ele é com arma encostada, vai deixar vestígios característicos ou arma a curta distância. Neste caso, a posição do corpo é contraditória, tá? Porque o disparo foi de esquerda para direita e ele caiu para esquerda. (…) os dois disparos pela inexistência dos vestígios foram dados a uma distância maior de 40 ou 50 cm”, disse Eduardo Llanos ao Jornal da Band.
Seguro de R$ 86 milhões
O senso comum diz que uma vida não tem preço. Mas a morte de José Matheus tinha um valor alto: R$ 86 milhões em apólices de seguro com uma única beneficiária: a ex-esposa dele.
Nayá de Arruda Singarini, com quem o empresário teve um filho, briga na Justiça contra três seguradoras. José Matheus pagava cerca de R$ 80 mil por mês em seguros de vida. A investigação da polícia não apontou o envolvimento de Nayá com o crime. Procurada, ela não quis gravar entrevista.
Uma das seguradoras, a Prudential, suspeita de fraude e investiga o caso desde 2021. A empresa desconfia, inclusive, que outra pessoa teria sido morta e enterrada no lugar do empresário. Exames foram feitos depois da exumação do cadáver pedida pela própria seguradora, que segue pedindo novas provas.
“O Laudo manifesta que não conseguiu efetuar o confronto da Arcada Dentária porque não tinha material para confronto, mas eles afirmam se tratar da mesma pessoa (…) tudo indica que de fato a pessoa corresponde àquela que consta na certidão de óbito”, disse o perito.
Em nota, a seguradora Prudential disse não comentar assuntos legais. Além da ex-mulher, outras pessoas também brigam pelo maior seguro pessoal do Brasil. Familiares, além de dezenas de vítimas de uma pirâmide financeira criada por ele, e que causou um prejuízo milionário no mercado.