A superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) impugnou a compra de um hospital pela Unimed no Paraná, recomendando ao tribunal do órgão a rejeição do negócio por risco de “fechamento de mercado”. A decisão é uma vitória para os planos de saúde que concorrem com a Unimed na região, que criticavam em peso a operação.
A Unimed tentava comprar o Hospital Policlínica, localizado em Cascavel e controlado pela Hospital Care — empresa de Elie Horn (dono da Cyrela), Julio Bozano e do fundo de investimento Crescera. Para ter um hospital próprio, a cooperativa desembolsaria R$ 85 milhões.
O problema é que o hospital é responsável por quase metade dos atendimentos na cidade, enquanto a Unimed detém mais de 80% da fatia de mercado na região.
Durante o processo, a Amil afirmou que, com a operação, “a Unimed ganha mais mercado, em uma praça onde já existe sua dominância, trazendo uma concorrência desleal, gerando um entrave à comercialização de produtos por outras operadoras.”
“A instrução processual concluiu que há elementos que indicam tanto capacidade quanto incentivos para o fechamento de mercado. Segundo o documento, os riscos envolvem tanto o insumo — representado pelos serviços prestados pelo Hospital Policlínica — quanto o acesso ao mercado consumidor, formado pelos beneficiários da Unimed Cascavel, nas integrações verticais entre planos de saúde e hospitais gerais”, disse o Cade, em comunicado.
Outra rejeição
Agora, caberá aos conselheiros do Cade julgar a avaliação da superintendência-geral do órgão.
Não é todo dia que a superintendência do órgão — que analisa todas as fusões e aquisições submetidas ao Cade — impugna uma transação com recomendação de rejeição total do negócio. Mas, em junho passado, isso aconteceu com a compra do controle da Fundação Ouro Branco (FOB) — dona de clínicas e hospitais — por três cooperativas do Sistema Unimed (Unimed Conselheiro Lafaiete, Unimed São João Del Rei e Unimed Inconfidentes).