Juliana Santos
Os desembolsos de crédito destinados ao comércio internacional deverão crescer 10% este ano, segundo a estimativa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).
De acordo com a instituição, o total do volume destinado ao comércio exterior em 2005, tanto para exportações como importações, chegou aos US$ 30 bilhões ? o que representou uma evolução de 28% em relação ao ano anterior. Deste montante, US$ 5 bilhões foram empregados na importação.
O resultado do ano passado também foi alavancado graças ao desempenho das principais instituições financeiras que atuam neste setor, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que elevou suas operações de comércio exterior em 52%; o Banco do Brasil , que cresceu 31%. O Banco Latino-americano de Exportações (Bladex), contando somente a operações feitas para o Brasil, também registrou alta de 16% no último trimestre.
O diretor setorial da Comissão de Operações Internacionais da Febraban, Karl Heinz Kern, afirmou que, em 2006, os financiamentos deverão aumentar proporcionalmente ao crescimento do volume de exportação estimado pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan.
`Possivelmente presenciaremos um aumento nas operações para importação, ao contrário de 2005, quando as compras de bens de capital e equipamentos foram reduzidas`, disse Karl Kern.
O BNDES disponibilizou no ano passado US$ 5,9 bilhões, um recorde histórico, sendo que 68% deste volume foram aplicados em bens de capital, que evoluíram 34% em 2005.
Segundo o superintendente da área de comércio exterior do banco, Luiz Antonio Dantas, a estimativa é de fechar o ano de 2006, no mínimo, com o mesmo nível de 2005, o que considera `excelente`. Para ele, o que causou o crescimento na oferta de crédito foi o fato de as empresas não terem dificuldades em termos de disponibilidade orçamentária do banco.
Uma das prioridades do BNDES, que costuma financiar operações de empresas de grande porte, será inserir um maior número de empresas pequenas e médias indiretamente nos financiamentos, por meio de tradings companies, associações de classe, arranjos produtivos locais (APLs) e empresas-âncoras, que obtêm o financiamento e repassam os recursos aos menores.
Diferentemente das grandes, empresas pequenas enfrentam mais entraves no acesso a crédito, mesmo que suas operações sejam mais imediatas. `Durante o ano de 2005, o BNDES destinou US$ 36 milhões a empresas menores. Este número pode dobrar, dependendo do número de APLs identificados durante o ano, como já fizemos com o setor moveleiro, têxtil de cama, mesa e banho`, disse Dantas.
No caso do Banco do Brasil, que participou do financiamento de 29% das exportações brasileiras, a demanda pelos planos de financiamento como o Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) e o Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) alcançou cerca de US$ 11,8 bilhões, o que representou um crescimento de 31,7% em relação aos US$ 9 bilhões do ano anterior. O número de operações, neste mesmo período, passou de 30,37 mil para 32,13 mil, com 5,8% de aumento.
Para o diretor de comércio exterior da instituição, Rogério Fernando Lote, a procura por financiamento é explicada por fatores como o crescimento mundial, que estimulou as exportações brasileiras, bem como a cultura exportadora implementada pelas empresas, além de alguns benefícios tributários oferecidos a quem exporta.
`O Programa de Financiamento às Exportações (Proex), voltado às pequenas e médias empresas, registrou um aumento de 39% no número de operações, e crescimento de 55% no montante financiado`, informou Lote. Os dados preliminares de 2005 acusaram desembolsos de US$ 386 milhões, somente para esta categoria de empresas, que faturam até R$ 60 milhões anuais.
Já o Balcão de Comércio Exterior, outro produto do Banco do Brasil, que auxilia empresas em operações de até US$ 20 mil, cresceu 158% em volume das operações. Mesmo não sendo um financiamento característico, este instrumento permite ao exportador receber o dinheiro no momento que comprova o embarque. Os destinos mais freqüentes do Balcão em 2005 foram Estados Unidos, Portugal, Japão e Espanha.
Até o mês de março, a instituição pretende implementar um sistema de cartão de crédito, por meio do qual os importadores farão os pagamentos aos exportadores brasileiros. O valor do investimento não foi revelado, mas a expectativas é que a ferramenta incremente, no mínimo, 10% as operações de comércio exterior do Banco do Brasil.
O Bladex, focado no fornecimento de financiamento para exportação em toda a América Latina, liberou US$ 1,5 bilhão apenas para o Brasil, no trimestre correspondente aos meses de setembro a novembro. Este volume, segundo o presidente da instituição, Jaime Rivera, corresponde a 45% da cadeia de crédito do banco.
`Esses números refletem a magnitude da economia do País em relação aos outros da América Latina, o tamanho e a taxa substancial de crescimento no fluxo dos negócios internacionais `, avaliou ele.[1]
O Bladex está confiante de que a América Latina continuará a se beneficiar de um ambiente internacional favorável e de uma política fiscal disciplinada. `Este deve ser um bom ano para o Brasil e os países da América Latina`, disse Rivera.