Produtos voltados para executivos têm ganhado atenção no mercado de seguros. Essas coberturas adicionais, oferecidas a diretores de empresas, são conhecidas como D&O. Dados do Valor Econômico indicam um cenário de alta competitividade e queda nos preços das apólices — uma movimentação que reflete diretamente a busca por diferenciais.
Atualmente, cerca de duas dezenas de empresas oferecem D&O no mercado brasileiro, incluindo seguradoras nacionais e representantes de companhias estrangeiras. O seguro oferece proteção ao patrimônio pessoal de diretores, administradores e outros executivos em casos de processos judiciais ou reclamações decorrentes de decisões tomadas no exercício de suas funções. Ele pode custear, por exemplo, os gastos mensais de um executivo caso seus bens sejam penhorados temporariamente, ou ainda cobrir despesas como a recuperação da imagem do segurado em caso de dano à reputação.
A AXA criou em 2024 uma plataforma digital para facilitar a venda pelos corretores. Já a Zurich desenvolveu um sistema de cotações online com foco em pequenas e médias empresas: “Vemos uma oportunidade de trazer novos clientes”, afirmou Marck Sá, superintendente de linhas financeiras da Zurich.
A Generali lançou, em maio, uma extensão de cobertura para amparar financeiramente executivos afastados por burnout: “Identificamos uma lacuna importante no mercado de seguros D&O, especialmente no que diz respeito ao cuidado com a saúde mental”, pontuou Marcelo Varela, superintendente de linhas financeiras da Generali ao Valor Econômico. Esse seguro cobre a diferença entre o valor recebido do INSS e o salário líquido do executivo.
Já a Chubb incluiu no D&O uma cobertura de seguro viagem. “A combinação dos benefícios das duas linhas de seguros representa uma estratégia inteligente para aumentar a atratividade do produto, principalmente para empresas que operam em setores que exigem deslocamentos frequentes”, afirmou Aleandro Brolo, diretor de linhas financeiras da seguradora.
Em 2024, a arrecadação das seguradoras com esse produto somou cerca de R$1,2 bilhão — quase 8% a mais do que em 2023, segundo a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Segundo Juliana Casiradzi, diretora de responsabilidade financeira e profissional da corretora Marsh Brasil, os preços do D&O caíram, em média, cerca de 5% no último trimestre de 2024. “Isso se deve à baixa sinistralidade, à maior competitividade e à alta capacidade dos limites disponíveis”, afirmou.
Mesmo diante de um cenário econômico incerto e de juros elevados, o interesse por D&O tem crescido. Ana Albuquerque, da corretora WTW, revelou ao Valor Econômico que o seguro também representa segurança jurídica para a atuação dos líderes: “Quando um executivo entra em uma companhia, sabe que poderá receber reclamações. O seguro funciona para proteger o patrimônio dele e também como forma de a empresa lhe dar liberdade para agir conforme seu julgamento no exercício da função.”