Paulo Kakinoff, o novo CEO do grupo Porto, em entrevista ao Valor Econômico, avalia haver vários vetores positivos para sustentar o crescimento dos resultados da companhia em 2024 – em 2023, o lucro recorde da Porto atingiu R$2,26 bilhões. Em entrevista ao portal, o executivo, que participa amanhã da primeira apresentação de resultados trimestral desde que assumiu o leme da holding em janeiro, exalta o trabalho feito pelo cúpula da empresa no ano passado, diante do lucro recorde apresentado e dos números expressivos.
“Tenho uma indisfarçável admiração pelo trabalho que o time executivo fez em 2023 sob a liderança do Roberto Santos meu antecessor”, diz. “Felizmente, entre muitos legados o antigo CEO deixa essa composição de equipe”, complementa.
O CEO cita a chegada do novo diretor de relações com investidores, Domingos de Toledo Piza Falavina, e da nova executiva-chefe de operações da vertical Porto Seguros, Patrícia Chacon, ex-CEO da Liberty. Kakinoff ressalta que o time executivo “não só está preservado, como também foi reforçado”.
Kakinoff vê na experiência do time um fator para manter neste ano o ritmo forte que os resultados atingiram em 2023. “A gente tem feito essas movimentações com objetivo de equipar ainda mais a Porto para a agenda 2024”, acrescenta.
Na entrevista do Valor Econômico, segundo o CEO, as perspectivas macroeconômicas também inspiram projeções favoráveis para a companhia e para a indústria de seguros. “É bem positiva a leitura que a gente está fazendo do mercado e do Brasil. Falando mais especificamente do seguro auto carro-chefe da Porto, essa combinação nos faz ter uma visão otimista com relação aos resultados da companhia em 2024.”
Kakinoff avalia existir um ambiente econômico “no mínimo, mais benigno do que se projetava para este começo de ano”. Conforme o executivo, “a perspectiva de queda da taxa de juros tende a ser um vetor importante para a atividade econômica e isso nos afeta positivamente”. Kakinoff pondera ainda que “uma perspectiva de venda melhor da indústria automobilística é um vetor de performance no nosso setor”.
O executivo também cita o fato de a indústria de seguros no Brasil ter já feito movimento de recuperação e recomposição dos prêmios após o aumento de sinistralidade nos últimos anos, “o que faz uma ambiência positiva para geração de resultados”.
O diretor vice-presidente financeiro, de controladoria e de investimentos, Celso Damadi, também deu entrevista para o Portal e ressalta que: “nosso resultado de 2023 não tem nada de extraordinário, ou seja, é um resultado realmente operacional, o que demonstra que 2024 tem uma perspectiva positiva em relação ao ritmo de crescimento”.
Conforme Damadi, “a gente começa 2024 mantendo uma recomposição de preços e com uma safra de novos seguros muito mais saudável”. O CFO do grupo afirma ainda que, “em 2024 nossa carteira de investimentos está preparada para ter um juro real acima de 5%”.
O diretor de RI, Domingos de Toledo Piza Falavina, acrescenta que há um crescimento na participação de resultados do grupo de verticais fora da operação de seguros. “No quarto trimestre, a operação de seguros contribuiu com 69% do resultado total, enquanto a saúde já está em 10%”, diz.
Kakinoff chama a atenção para a vertical de serviços, lançada em dezembro de 2023. “Em 2024, a parte de serviços será aquela que irá produzir, de forma mais intensa, notícias estruturantes. É uma vertical que a gente deve acelerar bastante. A gente tem olhado muito para o mercado para estimular o crescimento da área de forma orgânica e inorgânica.”
Sobre a evolução da inadimplência, que subiu no período de alta de juros, Damadi afirma que “temos notado o efeito mês a mês, uma evolução consistente da queda inadimplência”. Segundo o executivo, “a gente vislumbra continuar nessa tendência nos próximos meses, quando nossas safras novas de crédito e cartão que estão com inadimplência bem melhor, vão ajudar o índice a voltar para o patamar histórico”.
O CEO da Porto comentou ainda que a companhia não tomou uma decisão definitiva sobre o serviço de carro por assinatura. “É uma decisão que a gente ainda não tomou definitivamente e, por ora, é decisão apenas de não mais comprar os automóveis”, diz.
Kakinoff explica que a empresa estuda a possibilidade de “estruturar um negócio da maneira que a gente acredite seja de fato competitivo, especialmente do ponto de vista financeiro”. Conforme o executivo, “ainda não é uma decisão definitivamente tomada pela companhia e um aspecto importante, mas no campo da possibilidade, é a Porto poder oferecer esse serviço em parceria com outra empresa”.
A Porto já oferece seguro auto para veículos elétricos. Mas, segundo Kakinoff, ainda está na fase de aprendizado sobre a dinâmica do produto. “Já temos o seguro auto elétrico que oferecemos em parceria com algumas montadoras. Também estamos aprendendo, qual a dinâmica de uso específico desse produto, se há ou não diferença do auto a combustão. E considero uma notícia importante o fato de que nossa amostra, ainda que seja pequena, mas já considerável, revela que nenhum indicador destoa do histórico que a gente tem dos veículos puramente a combustão até este momento.”