O médico Pedro Gomes de Andrade, conhecido por atender celebridades e por seu relacionamento com a cantora Sandy, se viu no centro de uma polêmica após ser acusado pela SulAmérica de envolvimento em um esquema de fraude envolvendo reembolsos de planos de saúde. O caso ganhou repercussão nacional e acendeu um alerta sobre a importância do combate às fraudes na saúde suplementar no Brasil.
A denúncia e a investigação da SulAmérica
Segundo a SulAmérica, sua área de inteligência identificou um volume expressivo de solicitações de reembolso vinculadas ao nome do médico, totalizando mais de R$ 2 milhões em valores indevidos. A seguradora apontou indícios de fracionamento de recibos, prática que visa driblar limites de reembolso, e de reembolsos solicitados por clientes sem o devido pagamento pelos serviços. A empresa classificou as condutas como fraudulentas. Como resultado da investigação, a SulAmérica ajuizou uma ação que resultou em uma decisão liminar determinando que o médico está proibido de emitir novos recibos sob pena de multa de R$ 200 mil por descumprimento.
Carta aberta
Após a repercussão do caso, Pedro Gomes de Andrade se manifestou publicamente por meio de uma carta aberta publicada em seu Instagram, onde não nega diretamente as acusações, mas critica a cobertura da mídia e afirma estar sendo alvo por propor uma nova forma de atuação na medicina. “Esses acontecimentos apenas revelam o quanto estamos incomodando um sistema que lucra com o adoecer”, disse.
Pronunciamento oficial
A SulAmérica emitiu uma nota oficial destacando seu compromisso com a integridade, a ética e o cuidado com os beneficiários. A companhia reiterou que possui uma área especializada em prevenção e detecção de fraudes, cuja atuação visa garantir a sustentabilidade do sistema de saúde suplementar.
“No caso em questão, nossos sistemas identificaram um volume expressivo de reembolsos relacionados a tratamentos supostamente realizados pelo médico Pedro Andrade, totalizando mais de R$ 2 milhões. A investigação apontou o fracionamento de recibos e a solicitação de reembolsos sem o devido desembolso por parte dos clientes, condutas consideradas fraudulentas. Reafirmamos nosso compromisso com a integridade, a ética e a proteção dos nossos segurados. Combater a fraude é, acima de tudo, uma forma de cuidar melhor das pessoas”, diz a nota.
A visão dos especialistas
Para especialistas entrevistados pelo CQCS, o caso evidencia a necessidade de reforçar as medidas de prevenção e combate à fraude em planos de saúde. Segundo eles, práticas como fracionamento de notas e reembolsos indevidos não apenas geram prejuízos financeiros para as operadoras, como também podem comprometer a confiança no sistema como um todo.
“As fraudes em planos de saúde representam um problema significativo no Brasil, com consequências tanto para as operadoras quanto para os beneficiários. Elas geram aumento de custos, judicialização excessiva, redução da qualidade dos serviços e enfraquecimento da confiança no próprio sistema”, afirma Eduardo Kolmar, Diretor Executivo e líder da área de People Solution da Lockton.
A sócia-fundadora da corretora Seg Fácil, Thais Coutinho, destaca que o enfrentamento ao problema deve ir além das sanções. “Que medidas preventivas e educativas podem ser adotadas para reduzir a incidência desse tipo de crime no setor? Como não basta só agir depois do problema, a prevenção e a educação são tão importantes quanto a detecção”, disse.
Ela defende que as operadoras mais eficientes no combate a esse tipo de prática são aquelas que conseguem unir tecnologia, comunicação e cultura ética. “Criar campanhas educativas para os beneficiários, promover treinamentos contínuos para prestadores de serviço e equipes internas, e manter canais de denúncia ativos e funcionais (como o SAC) são medidas fundamentais para reduzir as fraudes e fortalecer a integridade do sistema”, conclui.
Caso segue em investigação
Segundo informações do portal G1, a defesa de Pedro Gomes de Andrade negou as acusações, afirmando que os valores reembolsados refletiam os serviços efetivamente prestados e estavam em conformidade com a legislação vigente. O caso segue em investigação pela Justiça.