Altamiro Silva Júnior, de São Paulo
A seguradora francesa Cardif, que pertence ao banco BNP Paribas, resolveu ampliar sua atuação no Brasil. Animada com o crescimento dos negócios, que chegaram a 51% no primeiro semestre, a Cardif vai abrir uma nova empresa no país, para a venda de títulos de capitalização. Também entrou no segmento de automóveis, com uma apólice voltada para o público de menor renda.
O faturamento do grupo francês deve bater em R$ 500 milhões em 2009, recorde da seguradora no Brasil. Se esse número for confirmado, representará crescimento de 35% em relação a 2008, bem acima da média do mercado de seguros, que deve crescer cerca de 8%.
A seguradora francesa não foi tão afetada pela crise como outras companhias europeias e americanas. O controlador da Cardif, o banco BNP, sobreviveu à turbulência financeira e virou até comprador no mercado. O BNP acabou fincando com as operações do belga Fortis. No Brasil, no primeiro semestre, a seguradora resolveu até antecipar investimentos.
O carro chefe da Cardif aqui é o seguro de proteção financeira, que cobre, por exemplo, inadimplência em um financiamento no caso de desemprego do tomador de recursos. Mas por conta da crise e do aumento das demissões, houve forte crescimento dos sinistros, com alta de 56% no primeiro semestre. Alexandre Boccia, presidente da seguradora no Brasil, conta que a seguradora teve que tomar algumas medidas para lidar com as perdas, como reforçar as reservas.
A Cardif opera principalmente por meio de parcerias com bancos, concessionárias de veículos e varejistas. Além da capitalização, a outra aposta do grupo é no seguro de automóveis.
Em novembro de 2008, a Cardif começou a testar na Bahia um tipo de apólice diferente. Ela cobre apenas o roubo do veículo. Por isso, o preço chega a ser 50% mais barato do que um seguro de carro tradicional. Boccia conta que essa apólice foi desenhada para um público que não consegue ter seguro de carro tradicional, por causa do alto custo. Este ano, o produto chegou a São Paulo e o projeto é levar para outros Estados em 2010. Diferente do seguro tradicional, não é feito o perfil do cliente e é obrigatório o uso do rastreador no carro.
O grupo tem três seguradoras no Brasil. Uma de vida, que cresceu 49% no primeiro semestre (faturando R$ 148 milhões), e uma de garantias (expansão de 201%, para R$ 43 milhões). A terceira é a Luizaseg, joint venture com a rede Magazine Luiza para a venda do garantia estendida, apólice que dá garantia extra à fornecida pelo fabricante, que cresceu 9%.
Para a empresa de capitalização, a Cardif aguarda aprovação da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o setor, para iniciar as operações.