O Banco do Brasil (BB) lançou ontem um pacote para proteger sua base de clientes de alta renda do assédio da concorrência. Primeiro, modificou os critérios de enquadramento de correntistas conhecidos como de varejo seletivo que são atendidos pelo BB Estilo, segmento que concorre com similares do mercado, como o Van Gogh, do ABN Amro, e o Prime, do Bradesco. A faixa de renda mensal mínima para entrar nessa categoria do BB caiu de R$ 10 mil para R$ 6 mil. Em contrapartida, o volume mínimo de depósitos, outro critério de seleção, dobrou para R$ 100 mil.
De cara, a carteira de clientes atendidos pelo Estilo sobe de 215 mil para cerca de 360 mil. 4 meta é chegar até os 400 mil o final do ano. Se alcançado, o objetivo vai representar um crescimento de 300% em apenas 12 meses. “Poderemos ir além disso, porque existem 700 mil correntistas no banco que se enquadram dentro da categoria do Estilo”, diz o diretor de alta renda da instituição, José de Mesquita Filho.
Segundo ele, as medidas visam a proteger a carteira do
crescente assédio dos demais bancos por estes clientes. “E uma blindagem”, afirma. A redução da faixa de renda mínima acompanha a prática do mercado. No Van Gogh, esse
piso é de R$ 4 mil, enquanto no Premier, do HSBC, e no Personnalité, do Itaú, a barreira é de R$ 5 mil. No Prime, a faixa mínima é de R$ 6 mil.
Para suportar o salto no volume de clientes no segmento, o BB está formando um time de 500 novos gerentes, que entram em ação a partir de 19 de julho. Parte deles segue para as 40 novas agências Estilo que serão inauguradas, principalmente em cidades pelo interior do País, que crescem montadas na expansão das fronteiras do agronegócio.
A aposta do BB é que a maior aproximação fará os clientes naturalmente consumirem mais
produtos do banco, como cartões de crédito, seguros, planos de previdência e, principalmente, investimentos. De acordo com o diretor do BB, a indústria bancária tem percebido uma deficiência desses profissionais em orientar adequadamente os correntistas que buscam opções mais sofisticadas para aplicações, em meio ao ciclo de queda das taxas de juros. Por isso, a instituição já avisou: quer 100% dos gerentes com certificação da Anbid até o final deste ano. Além disso, os profissionais serão treinados internamente para pode atuar como consultores financeiros.
SEGMENTO PRIVATE
O BB também lançou uma ofensiva para segurar os clientes do segmento privaTe, com investimentos superiores a R$ 1 milhão. Neste caso, a faixa mínima não foi mexida. Mas a captação também será feita dentro da atual base de correntistas. O objetivo do banco é elevar a carteira de clientes de altíssima renda dos atuais 10 mil para cerca de 12 mil pessoas, além de aumentar o total de recursos administrados dessa clientela de R$ 15 bilhões para R$ 20 bilhões até dezembro. Para isso, além das quatro gerências atuais criadas exclusivamente para este serviço (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte), o BB está criando 27 novas plataformas de atendimento dentro de agências Estilo. Para essa área também já foram contratados 17 novos gerentes, elevando o quadro de profissionais especializados da área para 83.