Notícias | 2 de dezembro de 2003 | Fonte: Valor Econômico

AXA vende filial para a Porto Seguro e vai deixar o Brasil

A seguradora francesa AXA, segunda maior da Europa anunciou ontem a venda de suas operações no Brasil para a Porto Seguro Seguros. É a quarta seguradora estrangeira a deixar o país este ano, depois que o Banco Bilbao Vizcaya vendeu suas operações bancárias e de seguros para o grupo Bradesco, a americana Cigna se desfez de suas carteiras em vida, saúde e previdência para compradores diversos e que a italiana Phenix, ligada ao grupo Fiat, repassou seus negócios para a Unibanco AIG.
Além destas, que efetivamente deixaram o território brasileiro, outras seguradoras estrangeiras reduziram sua exposição no país, vendendo parte de suas operações para grupos brasileiros e estrangeiros.
A Porto Seguro, quarta maior companhia do mercado brasileiro e segunda maior em seguros de automóveis depois da Bradesco Seguros, fechou o negócio com a AXA sexta-feira, depois de mais de seis meses de negociação, segundo Jayme Brasil Garfinkel, presidente da companhia. É a primeira aquisição da Porto em 58 anos de existência. O valor da transação não foi divulgado. Garfinkel disse que a AXA não será incorporada à Porto. “Compramos uma empresa que está andando, que tem uma tradição de relacionamento com seus corretores. Avaliamos que se incorporássemos, perderíamos o que tem de bom lá dentro”, disse o presidente da Porto Seguro.
A intenção, segundo ele, é manter a AXA funcionando sem nenhuma alteração, com os mesmos funcionários, a mesma direção, como uma empresa independente. Eventualmente, segundo Garfinkel, a companhia adquirida poderá servir como uma espécie de laboratório para teste de novos produtos, dado que a AXA opera no mesmo ramo em que a Porto é forte, o de automóveis – com 85 mil veículos contra 1 milhão da Porto Seguro.
Com sede no Rio, a AXA tem filiais em São Paulo, Ribeirão Preto, Curitiba, Porto Alegre e Belo Horizonte. A venda da operação brasileira faz parte de uma estratégia da matriz de concentrar seus negócios na América do Norte, Europa e alguns países da Ásia, explicaram fontes ligadas à companhia. Na semana passada, a AXA vendeu sua filial Argentina de seguros, a Saint-Honoré Ibéria, há alguns meses vendeu também a operação no Chile. Em outubro vendeu a filial holandesa Unirobe Groep, pouco depois de pagar 1,3 bilhão de euros pela americana Mony. A AXA estava no Brasil desde 1999 e só este ano conseguiu sair do vermelho, registrando lucro de R$ 15,6 milhões, contra um prejuízo de R$ 23,8 milhões em 2002.
Para José Rubens Alonso, sócio da KPMG, onde coordena o grupo de seguros, a saída das seguradoras estrangeiras responde às características do mercado brasileiro. Altamente concorrido e dominado pelas grandes seguradoras ligadas a bancos, o mercado segurador doméstico exige parceria e paciência para retorno a longo prazo. Empresas como a AXA, que chegaram e ficaram sozinhas, não conseguiram responder à essa necessidade.
Autor: Janes Rocha

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