Notícias | 30 de junho de 2025 | Fonte: Geraldo Coelho, Líder de Relações Institucionais da Favela Seguros

A favela como potência econômica: proteção financeira e o caminho para o crescimento

Por Geraldo Coelho, Líder de Relações Institucionais da Favela Seguros

Quando falamos de favela, muitas vezes a conversa gira em torno de desafios e dificuldades. Mas, e se mudarmos a perspectiva? E se olharmos para as favelas como territórios pulsantes, repletos de oportunidades e inovação? A realidade é que as favelas são muito mais do que se imagina. Elas têm um potencial de consumo, que movimenta R$168 bilhões por ano, segundo estudos do Novo Outdoor Social (NÓS). Quem mora nesses territórios sabe bem que a favela é um grande centro comercial a céu aberto, onde tudo acontece e onde a criatividade e a resiliência são combustíveis diários para quem empreende.

E esse espírito empreendedor é forte. Segundo o Data Favela, 71% das pessoas que trabalham nesses territórios são autônomas, ou seja, dependem do próprio negócio para viver. São donos de salões de beleza, oficinas, farmácias, mercadinhos, restaurantes e até startups. Não é por acaso que 46% dos moradores sonham em abrir o próprio negócio, e a grande maioria quer empreender dentro da favela.

Mas empreender na favela não é apenas um meio de ganhar dinheiro, é também uma forma de mudar vidas. Para se ter uma ideia, 70% dos pequenos empreendedores são chefes de família e, em mais da metade dos casos, são mulheres que estão na linha de frente do sustento de seus lares. Quando investimos no empreendedorismo da favela, estamos investindo na independência financeira dessas mulheres e na segurança de suas famílias.

Esse movimento de empreender também carrega uma trajetória que vem de longe. A favela tem uma lógica própria de produção e sobrevivência, que não cabe nas categorias tradicionais do mercado. Da venda de balas no sinal à criação de novos aplicativos e negócios, existe uma capacidade histórica de reinvenção que é a marca registrada dos favelados. Não é apenas uma questão de se adaptar, mas de criar soluções que nascem da prática, da necessidade e da potência de enxergar caminhos onde ninguém mais vê.

Mesmo assim, o caminho não é fácil. A informalidade ainda pesa e, sem acesso a crédito e proteção financeira, qualquer tropeço pode significar o fim do negócio. E quem já empreendeu sabe que um imprevisto pode colocar tudo a perder. Seja um roubo, um incêndio ou uma doença inesperada, a falta de um plano de segurança financeira pode fazer um pequeno comércio fechar as portas de um dia para o outro.

E é aqui que entra um ponto essencial: proteção financeira não é luxo, é necessidade. Ter um seguro ou um mecanismo de capitalização não significa apenas se prevenir contra problemas, mas garantir que, diante de qualquer adversidade, aquele negócio possa continuar de pé. A falta de acesso a esses serviços faz com que muitos empreendedores trabalhem no limite, sem uma rede de apoio para quando as coisas apertam. Quando reconhecemos as favelas como espaços de potência econômica e investimos no que já acontece dentro delas, estamos promovendo um crescimento sustentável e contribuindo para um Brasil mais forte e mais inclusivo.

As favelas são protagonistas do agora e do futuro. Apoiar o empreendedorismo e garantir proteção financeira para esses negócios é um passo fundamental para transformar realidades e potencializar o que a favela tem de melhor: sua força, sua criatividade e sua resiliência.

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