Mercado & Fomento | 27 de setembro de 2024

O impacto das mudanças climáticas nos seguros de ramos elementares. O que devemos fazer?

As mudanças climáticas estão transformando o cenário de riscos no setor de seguros de ramos elementares. Eventos climáticos extremos, como enchentes, secas, tempestades e incêndios florestais, têm se tornado mais frequentes e intensos, desafiando a capacidade das seguradoras e resseguradoras de precificar riscos e indenizar perdas.

Isso levanta algumas questões críticas: Estamos preparados para enfrentar os impactos das mudanças climáticas no setor de seguros? As seguradoras estão adaptando suas estratégias e produtos para cobrir esses novos cenários de risco?

Principais Desafios:

Aumento da Frequência e Severidade de Eventos Climáticos Extremos:

  • Como as seguradoras podem ajustar suas tarifas sem impactar negativamente a acessibilidade dos seguros, especialmente para populações mais vulneráveis?

Dificuldade de Precificação:

  • Com a maior volatilidade climática, como calcular o risco com precisão? Existem dados suficientes e modelos preditivos robustos para lidar com essa incerteza?

Sustentabilidade Financeira das Seguradoras:

  • As seguradoras e resseguradoras têm capacidade financeira suficiente para lidar com uma alta demanda de sinistros relacionados a desastres naturais?

Coberturas Insuficientes:

  • Os produtos de seguros atuais são suficientes para cobrir os danos causados pelas mudanças climáticas? Se não, quais novos produtos devem ser desenvolvidos?

Propostas para Mitigar os Riscos Atuais e Futuros:

Aprimoramento de Modelos Atuariais:

  • Investir em novas tecnologias, como inteligência artificial e análise de big data, para melhorar os modelos atuariais e preditivos. As seguradoras devem colaborar com especialistas em mudanças climáticas para desenvolver ferramentas mais precisas de precificação de riscos.

Fomento ao Seguro Paramétrico:

  • O seguro paramétrico, que paga automaticamente uma indenização quando um evento pré-definido (como a intensidade de uma tempestade ou o nível de uma enchente) é registrado, pode ser uma solução para agilizar o pagamento de sinistros e aumentar a resiliência das comunidades afetadas.

Criação de Fundos de Resiliência:

  • As seguradoras e resseguradoras podem colaborar com o setor público e privado para criar fundos específicos de resiliência climática, destinados a auxiliar na recuperação de áreas atingidas por desastres e a reduzir o impacto econômico dos eventos extremos.

Educação e Incentivos para Mitigação de Riscos:

  • As seguradoras podem desempenhar um papel importante ao educar seus segurados sobre medidas preventivas e oferecer incentivos (descontos ou bônus) para aqueles que adotarem práticas sustentáveis e mitigarem riscos, como construção de imóveis mais resilientes a desastres naturais.

Sustentabilidade nas Políticas de Subscrição:

  • É crucial que as seguradoras integrem critérios de sustentabilidade em suas políticas de subscrição. Ao não fornecer cobertura para setores que contribuem diretamente para o agravamento das mudanças climáticas (como indústrias altamente poluentes), as seguradoras podem estimular práticas mais ecológicas e responsáveis.

Integração com Governos e Organizações Internacionais:

  • As seguradoras precisam trabalhar em conjunto com governos e organismos internacionais para desenvolver uma política pública voltada à adaptação climática, além de fortalecer a infraestrutura e promover o planejamento urbano resiliente.

Estamos Preparados?

Apesar de alguns avanços, há dúvidas se as seguradoras e resseguradoras estão prontas para enfrentar a magnitude dos desafios climáticos que se aproximam:

  • As seguradoras têm reservas técnicas suficientes para suportar uma série de sinistros catastróficos?
  • As estratégias de gestão de risco das empresas estão alinhadas com os cenários climáticos futuros?
  • Os consumidores e empresas estão cientes dos riscos que correm e das lacunas de cobertura existentes?
    As mudanças climáticas representam um desafio existencial para o setor de seguros de ramos elementares. Embora as seguradoras tenham dado passos importantes, como a introdução de novos produtos e o uso de tecnologias avançadas, há muito a ser feito para garantir que o setor esteja verdadeiramente preparado. A chave será a colaboração entre seguradoras, resseguradoras, governos e consumidores, com o desenvolvimento de soluções inovadoras e a promoção de uma cultura de resiliência e sustentabilidade.

Marco Antonio Gonçalves

Atualmente, o especialista é presidente do Fórum Mário Petrelli, além de presidir o Conselho Consultivo da MAG Seguros. Desempenha ainda atividades como conselheiro no Conselho de Administração da SICOOB Seguradora e como diretor do Sindicato das Empresas de Seguros e Resseguros de São Paulo (SindsegSP). Formado em Direito, Marco já foi diretor na Câmara Americana de Comércio do Brasil (Amcham) e atuou como vice-presidente da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg). Também esteve no cargo de diretor da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ) e presidiu o Conselho Empresarial de Seguro e Resseguro da mesma instituição. No Grupo Bradesco Seguros, atuou por 40 anos, ocupando diversos cargos de direção, sendo que, quando se aposentou, ocupava o cargo de Diretor Geral da Bradesco Seguros.

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