Na Ponta do Lápis | 30 de setembro de 2024

Crescimento do PIB fortalece Setor de Seguros

Análise dos Dados – Setor de Seguros

  1. PIB brasileiro vai crescer 3% em 2024

A expectativa de crescimento do PIB de 2024 vai superando as expectativas. Nesse momento, a previsão é de 3% para esse ano (em janeiro de 2024, esse número era de 1,5%). Isso fortalece as expectativas de crescimento do próprio setor de seguros.

  1. Banco Central sobe juros, com receio da inflação

Com o receio de a inflação ultrapassar a meta de 4,5% em 2024, Banco Central volta a subir a taxa de juros, primeira vez desde 2022. Mas isso não deve afetar a taxa de crescimento do país para esse ano.

  1. Faturamento do Seguro indo bem

Em dados até julho de 2024, comparados ao mesmo período do ano anterior, o mercado de seguros no Brasil continua crescendo a uma taxa nominal de aproximadamente 10%, sinalizando um crescimento real em 2024, pois supera as taxas de inflação. Um ponto que é preciso ressaltar é que essa variação é assimétrica.

Em destaque, nesse período, os segmentos de pessoas e patrimonial, com valores mais próximos de 15%, conforme o gráfico abaixo.

Ainda faltam os dados de todo o segundo semestre, mas, em princípio, até pela projeção de crescimento favorável da economia, tal tendência deve continuar para os próximos meses. Ou seja, as previsões continuam.

  1. Rentabilidade das seguradoras na trajetória esperada

O gráfico mostra a rentabilidade agregada das seguradoras nos últimos anos.

No ano passado, por uma série de fatores (taxas de juros, sinistralidade, etc), a rentabilidade foi uma das mais altas dos últimos tempos.

Para 2024, a expectativa nesse momento é de valores um pouco mais baixos do que ano passado, voltando à sua taxa histórica de 25% ao ano. O efeito Rio Grande do Sul já foi absorvido.

  1. Ajustes nas Despesas Administrativas – Seguradoras

Isso já foi comentado antes, mas sempre vale a pena ressaltar. É impressionante o ajuste relativo das Despesas

Administrativas das seguradoras em um cenário pós-pandemia. Esse é um fatos econômicos mais relevantes ocorridos no setor de seguros nos últimos anos.

Em 2020, o indicador era de 15,5%. Em 2024, a projeção é de 12,0%.

  1. Estudo internacional cita tragédia do RS

A resseguradora Munich Re divulgou um texto com análise das catástrofes no primeiro semestre de 2024. As perdas globais foram de cerca de US$ 120 bilhões. As perdas seguradas globais de US$ 62 bilhões, superiores à média de dez anos de US$ 37 bilhões.

O Brasil é citado no texto. Abaixo, o que é escrito:

“Na América do Sul, o Brasil sofreu graves inundações em maio e abril. No estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil, 11 dias de fortes precipitações – resultando em até 420 mm de chuva – produziram graves deslizamentos de terra e inundações. Edifícios desabaram, pontes e estradas foram destruídas e houve 181 mortes. Mais de 90% da região – uma área do tamanho do Reino Unido – estava submersa. Foi uma das piores inundações que o país viu nos últimos 80 anos. Com perdas totais estimadas em cerca de US$ 7 bilhões, as inundações foram a terceira maior catástrofe natural a nível mundial no primeiro semestre do ano.”

Pois é, infelizmente, o país já está entrando no quadro mundial de catástrofes.

  1. Reforma Tributária e o Setor de Seguros

Esse assunto é complexo, com possibilidade de alterações. De qualquer maneira, três aspectos básicos precisam ser ressaltados.

O primeiro aspecto é a necessidade da reforma tributária, isso é consenso. Inúmeros estudos mostram que a complexidade tributária é uma das causas da baixa competitividade brasileira, a “burocracia do sistema tributário”.

O segundo aspecto é sobre o IVA, que, atualmente, a ideia é que fique em 26,5%, onde o Brasil deve ter um dos maiores IVAs (Imposto de Valor Agregado) do mundo. Existe uma pretensão que se imponha um limite a esse valor. Esse imposto vai substituir os cinco tributos cobrados sobre o consumo no país. Isso vai vale a partir de 2033. A taxa média mundial de IVA é de aproximadamente 15%, com médias regionais variando entre cerca de 12% na Ásia e 20% na Europa. O risco é o Brasil ter excesso de isenções e benefícios. Ver o gráfico.

O último aspecto é relativo à situação do mercado segurador, que está lutando pelas suas conquistas históricas, que beneficiaram o setor no passado. Por exemplo, nesse momento, o texto prevê incidência de ITCMD (imposto sobre a herança) nos produtos de acumulação (VGBL, por exemplo), nas contribuições com prazo inferior a 5 anos, contados da data de cada aporte.

O fato é que esse mecanismo não considera a tendência de os aportes acelerarem à medida que o participante se aproxima da época da aposentadoria, quando normalmente dispõe de maior capacidade de poupança e está mais consciente da importância dessa reserva.

O risco é que essa demanda arrecadatória acabe penalizando esses produtos, desestimulando a responsabilidade financeira que deveria ser incentivado. Ou seja, quem tudo quer, tudo perde.

Bem, vamos esperar como vai ficar.

Francisco Galiza

Mestre em Economia (FGV), catedrático pela ANSP (Academia Nacional de Seguros e Previdência) na cadeira “Ciência do Seguro”. Autor de dezenas de artigos e estudos, e de centenas de vídeos de análise econômica, em especial sobre o setor de seguros. Consultor especializado em seguros, já prestando serviços para diversas empresas e entidades representativas de classe.

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